A Basílica Real é um imponente e distintivo monumento que está no centro da história e do território de Castro Verde. Assente no exato local onde, em 1573 (séc. XVI), o rei D. Sebastião mandou erguer um primeiro templo, a Basílica é também conhecida como Igreja Matriz e/ou de Nossa Senhora da Conceição. O título de Basílica Real foi-lhe concedido aquando da sua reconstrução, no séc. XVIII (1727/1735), ordenada pelo rei D. João V.
O monumento foi erguido como forma de homenagear a vitória “sobre os cinco reis Mouros” em São Pedro das Cabeças, nas imediações de Castro Verde, em 25 de Julho de 1139, na lendária batalha dos Campos de Ourique, o episódio decisivo que levou de D. Afonso Henriques a designar-se “rei dos portugueses”.
Ao longo dos tempos, Castro Verde nem sempre soube valorizar a “sua” Basílica Real. Mesmo sendo o mais importante monumento do concelho e, consensualmente, um grande orgulha para todos os Castrenses, pois é o símbolo da grande demissão histórica da sua terra.
Felizmente ultrapassámos essa fase e a Câmara Municipal assumiu-se como a “argamassa” que levou ao feliz momento que agora estamos a assinalar: a Basílica Real de Castro Verde está prestes a ser classificada como Monumento Nacional. Trata-se de um ato de justiça. A rica história do monumento e o seu estreito vínculo à fundação da nacionalidade, há muito tempo que mereciam esta importante decisão.
Nos últimos anos, importa dizer, foi possível “juntar visões semelhantes” e construtivas em torno da Basílica, num processo fundado na vontade comum da Câmara Municipal e da Paróquia de Castro Verde, na pessoa do padre Luís Miguel Fernandes. Mas é justo revelar também o papel do Governo, através da Direção Regional de Cultura do Alentejo, e da Somincor, enquanto “mecenas” e empresa com notória responsabilidade social.
Para fazer este caminho, foi preciso lutar contra visões fechadas e do passado, tantas vezes ensimesmadas em dogmas e atitudes intransigentes. Mas, neste como em muitos outros processos na esfera do Município, orientámo-nos por uma constante plataforma de diálogo para cumprirmos aquilo que a população nos exige.
Desde 2017, renovámos e pintámos todo o monumento, limpámos os telhados e arranjámos portas e janelas. Requalificou-se profundamente o Coro Alto e o Nártex e, neste momento, decorre a reabilitação do extraordinário teto pintado da Basílica Real, numa empreitada impar e de grande monta.
Tudo isto represente a conjugação de muito investimento (mais de € 400.000) e de muitas vontades a remar num mesmo sentido. O sentido que, felizmente, deu agora o precioso fruto que é a classificação e reconhecimento da Basílica Real como Monumento Nacional.
Para os menos atentos, poderá parecer uma mera formalidade. Mas não é! Além de inúmeras vantagens que, por exemplo, poderão potenciar o mecenato, ter agora um monumento com classificação, dimensão e identificação nacionais, reforça uma notabilidade que, estamos certos, fortalecerá a sua importância estratégica na valorização do nosso território e na atração de visitantes a Castro Verde.
A ilustre Basílica Real, que vigia as extensas estepes cerealíferas do Campo Branco e se liga às terras da Batalha de Ourique, assume-se ainda mais como uma das “pedras angulares” da estratégia de dinamização turística do nosso concelho, em paralelo com a Feira de Castro, que é “a última grande feira tradicional do Sul” do país, e a classificação do nosso território pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera.
A estratégia é clara e vai continuar a fazer mais caminho. Seremos capazes de trabalhar numa articulação bem programada, com planeamento e a boa execução desta ideia claro que, assumimo-lo aqui, continuará a ser um grande desafio para todos nós!