Autárquicas e legislativas

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Rodeia Machado

técnico de segurança social

Em véspera de eleições é sempre a mesma atitude da parte dos eleitos, dos candidatos, dos eleitores e também dos partidos.
É verdade que neste ano de 2009 são três actos eleitorais, ou seja, são só dois que faltam, já que as eleições europeias são passado, pese embora se continue, e bem, a fazer a leitura do que aconteceu e quem foi penalizado pela abstenção, mas sobretudo pelo eleitorado que votou.
Todos sabemos que no nosso distrito, bem como no de Évora e Setúbal, a CDU – Coligação Democrática Unitária foi a vencedora, quando em 1999 e 2004 tinha perdido para o Partido Socialista.
É notório que à esquerda do PS, o BE e a CDU cresceram, sendo que a CDU manteve o seu eleitorado tradicional e cresceu em percentagem e em número de votos reais, enquanto que o Bloco de Esquerda recolheu votos, ou melhor dizendo uma parte dos votos de protesto de eleitores oriundos do Partido Socialista, o que manifestamente também aconteceu com a CDU.
O PSD por sua vez, ganhou as eleições com 33% dos votos, o que manifestamente ficou longe de votações anteriores, quer a nível das eleições europeias e também das eleições para o parlamento nacional.
O grande derrotado destas eleições foi sem dúvida alguma o Partido Socialista, que perde em termos percentuais e em número de eleitos para o Parlamento Europeu.
Existe, sem sombra de dúvidas, um voto penalizador para o Partido Socialista, pela sua forma de governação, ou seja, pelas suas políticas de direita, que aplicou ao longo de quase quatro anos, em que é Governo, para mal dos trabalhadores e para bem de alguns (poucos) a quem as suas políticas serviram que nem “sopa no mel”, pois arrecadaram milhões, enquanto que os trabalhadores tiveram que se governar com uns parcos tostões.
Este Governo do PS diabolizou ao longo de quatro anos os trabalhadores da função pública, a quem de forma velada, ou explícita aplicou uma política de grande contenção fazendo passar a imagem de que estes eram os que melhor estavam na vida, e como tal era preciso inverter as situações e colocá-los ao lado dos privados. Só que os trabalhadores no sector privado estavam mal e continuam mal, com uma diferença de nível de vida entre aquilo que em Portugal é a realidade e o que é a realidade da União Europeia.
Cada vez nos afastamos mais da União Europeia.
Mas para além disso continuaram as políticas das reformas da Segurança Social, mal enquadradas e pior conseguidas, tal como a reforma da Administração Pública.
Apertou-se o cinto aos trabalhadores, públicos e privados, aos reformados, aos agricultores e a crise mundial entretanto declarada veio somar crise à crise já existente.
Tentaram encontrar soluções, mas os que estavam mal ficaram pior e os que estavam bem continuaram bem.
O desemprego aumentou dramaticamente. Os números do desemprego não batem certos. Para o Governo são 500.000, ou seja, são os números da estatística, mas o que é visível, fora da estatística, é que o número ultrapassará os 600.000, e muitos destes não têm sequer direito ao subsídio de desemprego.
As empresas e grupos económicos que ganhavam muito antes da crise continuaram na mesma senda, ou seja, no primeiro trimestre de 2009, cinco bancos ganharam 511 milhões de euros. Traduzindo: ganharam cerca de seis milhões de euros por dia, ou seja, mais de um milhão de contos na moeda antiga.
Foi tudo isto que esteve também em jogo nas eleições europeias e que vai estar em jogo nas eleições legislativas, que se realizarão, em princípio, nos finais de Setembro.
Por tudo isto se motivam e movimentam os eleitos, os eleitores, os candidatos e normalmente os partidos.
Espero sinceramente que em Setembro, e mais tarde em Outubro para as autarquias locais, os eleitores participem mais e votem, pois do seu voto, da sua participação activa dependerá o futuro do país e naturalmente os governos locais.
Que escolham em consciência e que dessa consciência faça parte naturalmente a lição da governação.

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