Arte Pública "responde" a António Revez

Gisela Cañamero e Raúl Bule

É com tristeza que a Arte Pública verifica que um órgão de informação que aspira à credibilidade continue a servir de veículo às indigestões do cronista António Revez.
António Revez (AR) terá os seus objectivos e aspirações na política cultural em Beja, mas os meios de que se socorre ancoram-se, infelizmente, no fel que destila em ataques mais próprios de craque de pandilha do que de um comentador.
Já em anterior artigo – que o próprio jornal publica e que, portanto, legitima, sem uma dúvida, uma interrogação, uma perspectiva factual acerca de algo que pretenderia ser um “balanço”– AR arroga-se fazer um “balanço cultural” do ano, sem qualquer referência à Arte Pública – pois não o poderia fazer, dado que não assistiu a qualquer espectáculo nosso – omitindo, ainda assim, de má fé, qualquer actividade desta estrutura em Beja – tendo fácil acesso ao nosso calendário de actividades, publicado on-line e de consulta pública– e, atropelando grosseiramente aquilo que se lhe não pode exigir, para quem, como nós, o conhece – e que é do domínio da ética.
Assim, à boa maneira estalinista, não só AR “retira da fotografia” do balanço cultural da cidade de Beja em 2010 a Arte Pública, como, em simultâneo, coroa de glória a estrutura Lendias d´Encantar – a estrutura de teatro criada pelo irmão, que possibilita a AR ter os seus textos encenados – como se verifica na última estreia.
À primeira vista, só este nítido conflito de interesses seria suficiente para que alguém que se expõe num órgão de comunicação com distribuição pública usasse de algum pudor – vá lá, um mínimo de correcção.
Não para AR Assim, na permanente irritação que lhe conhecemos, aponta de novo, no vómito verbal que o caracteriza, as baterias contra a Arte Pública, em jeito de “Carta Aberta” de 14 de Janeiro, no meio que, uma vez mais, lhe possibilita esta acção: o “Correio Alentejo”. Leia-se e retirem-se as conclusões óbvias:
“Pois é Miguel, mas nem o pelouro da cultura é uma ‘comissão de festas’, nem tu como vereador da cultura és um ‘festeiro’. E sim, como vereador da cultura durante um ano de mandato fizeste mais: cortaste em quase metade o subsídio anual à principal companhia de teatro da cidade, os Lendias d’Encantar, e atribuíste igual subsídio a quem já recebe 100 mil euros do Ministério da Cultura (espero que tenhas assistido aos espectáculos-delírios do Arte Pública e tenhas concluído por ti próprio a asneira que fizeste)”.
Que acrescentar sobre esta pérola? Talvez as próprias palavras de AR em opinião de 17 de Dezembro, num retrato que lhe assenta como luva:
“O portuga é um opinador nato, sabe comentar tudo, tem opinião sobre tudo, é analista, psicólogo e juiz implacável. Recebe instrução no jornalismo sensacionalista, que transforma a parcialidade tendenciosa e a superficialidade em conhecimentos autorizados e verdades indiscutíveis.”
Nós não diríamos melhor.
Compreendemos a aflição de AR – que não é de agora – pela presença da Arte Pública em Beja, e a sua constante preocupação pelo facto de contarmos com o apoio do Ministério da Cultura para a actividade teatral – obtido em concurso nacional segundo regras iguais para todas as estruturas; possivelmente, no entender de AR, seria mais favorável à estrutura Lêndias d´Encantar, cuja sobrevivência económica tanto o preocupa, se a Arte Pública não existisse no território que ele parece querer conquistar, à força de publicar falsidades.
No entanto, gostaríamos de contribuir para minorar a súbita amnésia de AR, bem como de elucidá-lo acerca da questão que tanto o aflige:
> por um lado, recordar-lhe que foi a actividade de formação teatral iniciada em Beja em 1991 pela Arte Pública que lançou as sementes de dinamização no tecido performativo da cidade – incluindo a formação em exercício e integração profissional do seu irmão, que, mais tarde, dará origem à Lendias d´Encantar;
> por outro, informá-lo que, se é um facto que a Lendias d´Encantar apresenta candidaturas que não têm sido consideradas, por parte dos diversos júris nomeados pelo Ministério da Cultura, aos apoios para a sustentação da actividade teatral por parte do Estado, é algo a que, como se poderá depreender, a Arte Pública é completamente alheia.

Lamentamos pois que o “Correio Alentejo” sancione o oportunismo e o método ofensivo deste “opinador”.
Da parte da Arte Pública continuaremos, sempre, a realizar o nosso trabalho, dentro das nossas energias e competências.
Pela Arte Pública.

<b>* No “Correio Alentejo” presamos e cultivamos a liberdade e a diferença de opinião. Isso está bem provado. Escusavam, pois, a Sra. Gisela Canãmero e o Sr. Raul Bule de alegarem qualquer direito de resposta. Até porque, se seguíssemos a lei, este texto teria outras regras (bastante mais apertadas) para ser publicado. AJB</b>

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