
Na 2ª metade do século XIX, sobressaiu no Baixo Alentejo, Alonso Gomes, que nasceu na freguesia e concelho de Mértola, Beja a 17-1-1819, e morreu em Mértola a 17-6-1897, filho de imigrantes espanhóis originários da província de Huelva.
Juntamente com seus irmãos, Manuel Gomes (1822-1881) e José Gomes (1828-1875), constituiu em partes idênticas a sociedade Alonso Gomes & C.ª nos finais dos anos 60 ou princípios dos anos 70, do referido século. Através desta empresa, dedica-se em primeiro lugar, à compra, exploração e extracção de minas de manganésio, cobre, chumbo e antimónio no distrito de Beja e noutros locais do País, obtendo mais de 40 concessões definitivas entre 1861 e 1886. Só na actividade mineira no distrito de Beja, empregava mais de 500 trabalhadores, tornando-se em pouco tempo na figura mais proeminente desta actividade em Beja e no País.
A extracção de minério de manganésio, fazia-se pelo porto de Lisboa e pelo de Vila Real de S.to António e em menor escala pelo de Sines, sendo o principal exportador pelos primeiros dois portos Alonso Gomes, e destinava-se à exportação no mercado de Newcastle, para ser utilizado em grandes quantidades na indústria metalúrgica, vidreira, cerâmica, pintura e produtos químicos.[1]
Entre as minas de manganés, cobre, chumbo e antimónio, que lhe foram concessionadas destacam-se: a do Serro dos Caldeireiros, Alcaria Ruiva, Mértola (a 25-11-1861); a do vale da Abelheira, Sant`Anna de Cambas, Mértola (a 27-5-1863); a da herdade de Penedos, S. Marcos, Castro Verde (a 26-3-1864); a do Serro dos Coelhos, junto ao Monte da Quintã, Mértola (a 17-8-1864); a da herdade de Ferragudo, Castro Verde (a 9-10-1865); a das Crujinhas, Alcaria Ruiva, Mértola (a 9-10-1865); a da herdade dos Escudeiros, Albernoa, Mértola (a 9-10-1865); a do Serro da Predeneira na herdade de Corcovada, Albernoa (a 18-2-1868); a do Serro do Zambujeiro e Curralão na herdade de Corcovada, freguesia de Albernoa (a 18-2-1868); a da courela da Caeira, freguesia de Alcaria Ruiva, Mértola (a 18-2-1868); a da courela do Casarão, Alcaria Ruiva, Mértola (a 25-4-1868); a do serro do Laboreiro nas herdades da Ortiga e Bemposta, Messejana, Aljustrel (a 23-5-1868); a da Soalheira da Serra da Caeira, Alcaria Ruiva, Mértola (a 22-6-1868); a de Vale do Calvo, Ervidel, Aljustrel (a 12-8-1869); a do Serro das Cannas Frexas na herdade da Balança, Alcaria Ruiva, Mértola (a 7-9-1869); a da herdade de Corte Carrasco, Albernoa (a 7-9-1869); a do Serro do Cabeço do Homem, Aljustrel (a 26-10-1869); a dos Serros Altos na herdade dos Negreiros, Castro Verde (a 26-10-1869); a do Serro do Paraíso na herdade de Furadouro, Aljustrel (a 16-11-1869); a da serra dos Feitais, Aljustrel (em 1869); a da herdade da Felipeja, Castro Verde (a 28-10-1871); a do Serro da Cruz do Peso, Alcaria Ruiva, Mértola (como descobridor legal a 4-7-1883); a da Rocha na herdade dos Negreiros, a 7 km de Castro Verde (a 31-5-1884); a do Cerro do Curralinho, Castro Verde (a 31-5-1884); a do Serro Beturiano, identificada também como Serro do Seixo no Monte Ruivo em Entradas, Castro Verde (por alvará de cedência de exploração de 26-6-1886); e as minas de Medas e da Bouça Velha, no concelho de Gondomar, Porto.
Réplica de barco de transporte de minério de Alonso Gomes no século XIX (colecção Pessanha Barbosa)
Estas minas caracterizavam-se por ser de pequena dimensão e o seu incremento e exploração deveram-se a diversos factores como sejam: à facilidade de escoamento pelos rios (Guadiana por exemplo) e depois pela via-férrea; à mão-de-obra barata (homens recebiam em média entre 140-400 réis e as mulheres 140-200 réis em 1885); e às boas condições económicas: pequeno investimento financeiro e venda assegurada no estrangeiro.
Verificando a necessidade de transporte do minério para outros portos e destinos, avança com a fundação nos inícios dos anos 70 de uma companhia de navegação a vapor, denominada “Empresa de Navegação a Vapor para o Algarve e Guadiana”, obtendo o monopólio e concessão estatal das carreiras comerciais, de passageiros e de mercadorias entre: 1º Mértola e Vila Real de S.to António, através de vapores de pelo menos 200 toneladas e um mínimo de 40 passageiros em 1ª e 2ª classe e de 60 em 3ª, com saídas regulares de Lisboa todos os dias 1 e 16 de cada mês, para a qual teria a comparticipação do Estado de um subsídio anual de 10.000.000 reis; e 2º entre Lisboa e os portos do Algarve (1874-1897), num vapor com dimensões que permitissem a navegação no rio Guadiana, com lotação para 100 passageiros a distribuir por 3 classes, realizando viagens redondas diárias entre Mértola e Vila Real de S.to António, fazendo escala por Pomarão e Alcoutim, exceptuando aos domingos, com um subsídio anual do Estado, no valor de 4.000.000 reis, tudo isto pelos acordos de 6-10-1874, renovado pelo contrato provisório de 16-11-1883 e sancionado por carta de lei de 6-3-1884, e por decreto de 20-11-1893. Representará esta empresa, isoladamente, a navegação portuguesa a vapor nos portos do litoral do País, entre os anos de 1874 e 1905. Para fazer face ao acordo com o Estado ainda em 1876 até 1893, o concessionário Alonso Gomes & C.ª, teve de comprar vários paquetes / vapores de grande porte, que baptizou de Gomes I a Gomes VIII.
Com o alargamento natural da actividade, a “Empresa de Navegação a Vapor para o Algarve e Guadiana” da firma Alonso Gomes & C.ª, vai escalar noutros portos nacionais como seja numa linha regular para o rio Douro. Paralelamente para dar resposta ao maior fluxo de escalas, passageiros, mercadorias em trânsito (ferro, carvão, cevada, açúcar café, pipas de vinho, álcool, tabaco, farinha, tremoços, limpadura purgueira, tecidos, cabedais, etc.), com destino a diversos comerciantes no estrangeiro e aos acordos firmados entre o Estado com outras companhias, como a «Empreza Nacional de Navegação» e a francesa «Charguers Reúnis», passa a navegar com os navios Gomes IV, Gomes 5º e Gomes 7º para o Brasil (Pernambuco, Baía, Rio de Janeiro e Santos), África Ocidental e Oriental (Angola e Moçambique), Reino Unido (Cardiff, País de Gales) e França (Marselha).
Dado ser o maior industrial do distrito de Beja, foi agraciado segundo o jornal A Folha de Beja de 24-6-1897, pelo Rei D. Carlos I com a Grã-Cruz da Ordem Civil do Mérito do Mérito Agrícola e Industrial – Classe Industrial entre 1893 e 1897 «porque Alonso Gomes era o maior, e sempre honrado e digno, dos industriaes do districto de Beja (…)».[2]
Gomes 1º, antes Transporte Príncipe D. Carlos, in Transporte, in Fotografias Gerais, Arquivo Histórico da Marinha


O “Açor” ex-“Gomes 2º” na Horta, Açores (postal da Armada) e Gomes IV, in Gazeta dos Caminhos de Ferro, 15º Anno, n.º 338 de 16-1-1902, p. 32


“Lobito”, ex “Gomes VI” em Luanda, Angola, foto postal editado por Eduardo Osório, Luanda,
in http://naviosenavegadores.blogspot.com/2008/01/frotas-nacionais-comp-nacional-de_18.html e Gomes VI (colecção Valentim Bravo)


Gomes 7º in Comércio do Porto de 14-3-1893 e http://naviosenavegadores.blogspot.com/2017/05/historia-tragico-maritima-ccxvii.html
e postal da entrada de Gomes VIII no cais de Fortim e entrada do canal da doca
Alonso Gomes, foi chefe do partido Regenerador no distrito de Beja e foi agraciado por D. Carlos I Portugal, como referido com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Industrial, entre 1893 e 1897. Concorreu com elevadas somas e capitais, para melhoramentos públicos no distrito de Beja: abriu e construiu a fonte e restaurou a capela da vila de Messejana, Aljustrel; construiu uma sede para a banda filarmónica de Aljustrel, onde esteve instalado o Club Aljustrense; reparou a igreja de Albernoa, Mértola, que se encontrava em estado de ruína; mandou canalizar água na extensão de 1700 metros na povoação de Cabeça Gorda, Beja, abriu a ampla avenida (ex-libris da freguesia, que herdou o seu nome) e construiu uma fonte nesta localidade em 1881 (então freguesia da Salvada); mandou construir um cemitério (hoje inexistente, onde actualmente se situa o jardim desta freguesia) e uma ponte em Montes Velhos em S. João de Negrilhos, Aljustrel, Beja; devido à sua influência, mandou-se construir a estrada de S.ta Vitória a Ervidel; comprou uns sinos para a capela de Ervidel; concedeu avultadas importâncias e duma só vez no seu testamento (1896) para os seguintes estabelecimentos: hospital da S.ta Casa da Misericórdia de Mértola, a quantia de 200.000 réis, hospital civil de Beja, a quantia de 200.000 réis e hospital de Castro Verde, a quantia de 100.000 réis.



Casa de Alonso Gomes em Mértola
Ao falecer em 1897, tornara-se num dos maiores proprietários urbano e rústico no distrito de Beja. Só em termos rústicos possuía 46 herdades, que totalizavam cerca de 9200 a 10.000 hectares: Senhor das herdades de S. Barão, Cela, Milhoro, Cachopos, Cerca Nova e Namorados no concelho de Mértola, distrito de Beja; Revez, Colchões, Monte Novo, Malhão da Popa (1886), Monte Ruas e Furadouro (a 3-5-1870) no concelho de Aljustrel, distrito de Beja; Balança, Navarro, Venda dos Salgueiros, Venda e Bicha Veado em Alcaria Ruiva, concelho de Mértola, distrito de Beja; Aldeia de Cima, Linhares, Casas Velhas (a 15-11-1879), Monte Branco (a 19-9-1872), Rata e dos Aldeotos em Albernoa, concelho e distrito de Beja; Brôco de Cima, Vinha, Couqueiros, Barbas de Gaio de Baixo e de Cima, Barrinho, Malhada de Cabreira e Estroga em Salvada, concelho e distrito de Beja; Delegados, Almarjão e Talica em Quintos, concelho e distrito de Beja; Mestres, Monte Goes, Monte Branco, Monte do Neto, Monte Novo e Oliveiras no concelho de Almodôvar, distrito de Beja; Quinta Nova e Bugio em Panóias, concelho de Ourique, distrito de Beja; Figueirinha de Matos em S.ta Vitória, concelho e distrito de Beja; Almares (ou Almargue) no concelho de Odemira, distrito de Beja; Outeiro da Figueira em Trindade, concelho e distrito de Beja; Deserto do Monte Novo em S. Marcos da Ataboeira, concelho de Castro Verde, distrito de Beja; Chaissa Velha em Ervidel, concelho de Aljustrel, distrito de Beja. Possuía ainda, os seguintes prédios urbanos: na rua do Vale, na rua de S. João, no largo de S.ta Catarina, na praça Jacinto Freire de Andrade na cidade de Beja; na rua de N. S.ra do Vale em Aljustrel; Moinho do Monte, próximo de Ervidel, etc., etc.
Detinha ainda várias minas e ¾ dos navios a vapor (o Gomes IV, o Gomes VI e o Gomes VIII), etc., etc., sócio e representante da Sociedade Alonso Gomes & Cª com seus irmãos (liquidada e extinta a 31-10-1895).
Foi ainda Reitor da Confraria do Santíssimo Sacramento da freguesia de S. João Baptista na cidade de Beja (de 1884 a 1897).


Largo Alonso Gomes em Mértola e Avenida Alonso Gomes, Cabeça Gorda em Beja


Mapa com localização de Largo Alonso Gomes em Castro Verde em 1900, depois Praça da República (1910
O seu nome vem a perpetuar-se na toponímia de várias localidades do Alentejo: Largo com o seu nome na vila de Mértola (aprovado em sessão camarária de 22-6-1897); uma avenida também com o nome de Alonso Gomes na freguesia de Cabeça Gorda na cidade de Beja; e Largo Alonso Gomes em Castro Verde (1897-1910), sendo substituído por praça da República por deliberação do município em sessão de 13-10-1910; um chafariz (ou fontanário) de Alonso Gomes em Messejana, Aljustrel; e uma fonte na Cabeça Gorda, Beja em 1881 (então freguesia da Salvada).


Fonte Alonso Gomes, Cabeça Gorda, Beja e Chafariz de Alonso Gomes em Messejana, Aljustrel
Para este artigo consulte-se: Alonso Gomes (1819-1897), proprietário, industrial e capitalista do distrito de Beja: Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes – Da actividade mineira à navegação a vapor em Portugal e no estrangeiro, 1ª edição, Lisboa: Academia dos Ignotos, 2021, 92 páginas; Lorena Queiroz – Alonso Gomes, in jornal Commercio e Industria: Sciências, Artes e Letras, n.º 139, 1890; “A Folha de Beja” de 24-6-1897, Ano V, n.º 234, p. 1.
MINAS ALONSO GOMES | |||||||
Nº | Nome | Freg. / Concelho | Tipo | Descoberta | Conc. Prov. | Conc. Defin. | Hectares |
1
|
Serro dos Caldeireiros | Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
31-5-1860
|
21-3-1861
|
25-11-1861
|
99
|
2
|
Vale da Abelheira
|
Sant` Anna de Cambas, Mértola | Manganés
|
14-5-1861
|
27-5-1863
|
31,30
|
|
3 | Herdade dos Penedos | Castro Verde, Mértola | Manganés | 26-3-1864 | 91,43 | ||
4 | Serro dos Coelhos | Mértola | Manganés | 24-12-1860 | 17-8-1864 | 58 | |
5
|
Crujinhas
|
Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
17-7-1863
|
16-7-1864
|
9-10-1865
|
24
|
6
|
Herdade dos Escudeiros | Albernoa, Beja
|
Manganés
|
9-3-1864 e 13-7-1864 | 14-12-1864
|
9-10-1865
|
22
|
7 | Herdade de Ferragudo | Mértola | Manganés | 10-3-1854 e 20-6-1864 | 27-10-1864 | 15-12-1865 | 38,48 |
8
|
Serro da Pedreneira | Albernoa, Beja
|
Manganés
|
16-8-1867
|
18-2-1868
|
19,8
|
|
9
|
Serro do Zambujeiro e Curralão | Albernoa, Beja
|
Manganés
|
16-8-1867
|
18-2-1868
|
18
|
|
10
|
Courela da Caeira
|
Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
6-2-1867
|
12-9-1867
|
18-2-1868
|
40,8
|
11
|
Courela do Casarão
|
Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
30-4-1867
|
15-10-1867
|
25-4-1868
|
43,10
|
12
|
Serro do Laboreiro
|
Messejana, Aljustrel
|
Manganés
|
15-5-1867
|
15-10-1867
|
23-5-1868
|
45,41
|
13
|
Soalheira da Serra da Caeira | Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
2-7-1867
|
8-11-1867
|
22-6-1868
|
71,60
|
14
|
Fonte dos Barbaços
|
Mértola
|
Chumbo
|
25-7-1863
|
15-10-1867
|
4-1-1869
|
236
|
15
|
Serrinho da Azinheira | Mértola
|
Chumbo
|
8-6-1861
|
1-8-1863
|
5-1-1869
|
103
|
16
|
Corga da Mula
|
Mértola
|
Chumbo
|
11-3-1861
|
21-3-1863
|
12-1-1869
|
180
|
17
|
Vale do Calvo
|
Ervidel, Aljustrel
|
Manganés
|
17-3-1868
|
23-9-1868
|
12-8-1869
|
50
|
18
|
Serro das Canas Frechas | Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
27-11-1867
|
25-7-1868
|
7-9-1869
|
50
|
19
|
Corte Carrasco
|
Albernoa, Beja
|
Manganés
|
19-11-1867
|
26-7-1868
|
7-9-1869
|
40
|
20
|
Serro do Cabeço do Homem | Aljustrel
|
Manganés
|
23-6-1868
|
20-1-1869
|
26-10-1869
|
50,65
|
21
|
Serros Altos
|
Castro Verde
|
Manganés
|
28-8-1868
|
26-10-1869
|
32
|
|
22
|
Serro do Paraíso
|
Aljustrel
|
Manganés
|
20-1-1869
|
16-11-1869
|
49,60
|
|
23
|
Serra dos Feitais
|
Aljustrel
|
Manganés
|
28-4-1867 e 23-6-1868 | 20-1-1869
|
1-7-1870
|
49,70
|
24
|
Herdade dos Quartijos | S.ta Vitória, Beja
|
Manganés
|
4-7-1871
|
|||
25
|
Cabeço do Moinho
|
Aljustrel
|
Manganés
|
25-6-1868
|
9-5-1870
|
25-7-1870
|
52,48
|
26
|
Herdade da Felipeja | Mértola
|
Manganés
|
6-12-1868 e 22-4-1869 | 2-7-1870
|
28-10-1871
|
77
|
27
|
Corte Pequena
|
Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
1870
|
17-4-1874
|
||
28
|
Serro da Cruz do Peso | Alcaria Ruiva, Mértola
|
Manganés
|
4-7-1883
|
50
|
||
29
|
Medas
|
Aguiar de Sousa, Paredes | Antimónio
|
21-8-1878
|
|||
30
|
Juliana
|
S.ta Vitória, Beja
|
Cobre
|
11-7-1881
|
|||
31
|
Bouça Velha
|
Aguiar de Sousa, Paredes | Antimónio
|
28-9-1883
|
|||
32
|
Rocha
|
Castro Verde
|
Manganés
|
30-9-1869
|
31-5-1884
|
||
33
|
Cerro do Curralinho | Castro Verde
|
Manganés
|
11 e 18-10-1880 | 31-5-1884
|
||
34
|
Serro Beturiano
|
Entradas, Castro Verde
|
Manganés
|
1866 e 15-1-1883 | 16-7-1866
|
2-5-1867 e 26-6-1886 |
48
|
TABELA PAQUETES / VAPORES GOMES |
|||||||||
Nº |
Designação | Construtor | Anos | Nome Anterior | Construtor | Anos | Nome Posterior | Construtor | Anos |
1
|
Gomes 1º
|
1876-1880 |
Príncipe D. Carlos
|
Hugh Parry & Genros, Ginjal, 1867
|
1867-1876 | ||||
2
|
Gomes 2º
|
1875-1885
|
Ballina – Irish Sea Passenger Steamers, ??-1875
|
Roberts & Cº., Seacombe, Inglaterra | ?-1875 |
Algarve Açor |
1885-1886 1886-1934
|
||
3
|
Gomes 3º
|
Winsford, Colchester, Inglaterra, 1875 |
1876-1910 |
||||||
4
|
Gomes IV
|
|
1884-1901
|
Strathcarron
|
Dobson & Charles, Grangemouth, Inglaterra, 1882 | 1882-1884
|
Murupy
|
1901-1925
|
|
5
|
Gomes 5º
|
|
1887-1888
|
Toreador – Baird & Brown (W. Cunlife – W. Yeoman), 1883-1886
|
Burrel & Son, Dumbarton, Escócia, 1883 |
1883-1886
|
|
||
6
|
Gomes VI
|
1889-1905
|
Barnsley – Manchester, Sheffield & Lincolnshire, 1875-1889
|
John Elder & Co., Glasgow, Escócia, 1875 | 1875-1889
|
Lobito
|
1905-1909
|
||
7
|
Gomes 7º
|
1892-1893
|
Banchory – Grampian Steamship Co., Ltd., 1877-1892
|
Hall Russel & Co., Aberdeen, Escócia, Março 1877 | 1877-1892
|
||||
8
|
Gomes VIII
|
1893-1899
|
Montague – Merchant Banking Corp., 1891-1893
|
Edwards Shipbuilding Co. Ltd., Newcastle, 1891 | 1891-1893
|
||||
9
|
Iate Gomes
1º
|
Francisco Fernandes Gaiféro, estaleiro de Fão, Esposende | 1889-1890
|
Os navios Gomes[3]
Gomes 1º, antes Transporte Príncipe D. Carlos, in Transporte, Fotografias Gerais, Biblioteca Central de Marinha – Arquivo Histórico
“Gomes 1º” (1876-1880)
Porto de registo: Lisboa a 26-11-1876
Construtor: Hugh Parry & Genros, Ginjal, 1867
ex “Príncipe D. Carlos” – 1867-1876
Armava em escuna, casco de ferro, movido por rodas
Tonelagens: Tab 78,00 tons – Tal 45,00 tons
Adquirido em 1876 por Alonso Gomes com o nome Gomes 1º
Comprimentos: Ff 33 mts – Pp 21 mts – Boca 3,70 mts – Pontal 2,00 mts
Encontrava-se naufragado e com os destroços na ilha de Bazaruto, Moçambique a 29-3-1880[4]
O “Açor” ex-“Gomes II” na Horta, Açores (postal da Armada)
“Gomes 2º” (1875-1885)
Porto de registo: Lisboa a 10-2-1875
Construtor: Roberts & Cº., Seacombe, Inglaterra,??
ex “Ballina” – Irish Sea Passenger Steamers, ??-1875
Armava em iate, casco de ferro, proa direita e popa redonda.
Tonelagens: Tab 78,00 tons – Tal 166,00 tons
Comprimentos: Pp 41,50 mts – Boca 5,80 mts – Pontal 3,00 mts
Adquirido por Alberto Rodrigues Centeno, nome “Algarve”, 1885-1886. Vendido à Armada- Alfândega Lisboa, nome “Açor”, 1886-1934. Foi vendido para demolição em 1934
“Gomes 3º” (1876-1910)
Porto de registo: Lisboa a 21-10-1876
Construtor: Winsford, Colchester, Inglaterra, 1875
Aquisição directa ao estaleiro pelo preço de 2.400 libras.
Convés com salto, casco de madeira, movido por rodas.
Tonelagens: Tab 56, 00 tons
Comprimentos: Ff 25,0 mts – Boca 3,60 mts – Pontal 1,60 mts
Em Julho de 1910, o casco do navio encontrava-se encalhado na praia de Vila Real de S.to António, à venda para demolição
Gomes IV, in Gazeta dos Caminhos de Ferro, 15º Anno, n.º 338 de 16-1-1902, p. 32
“Gomes IV” (1884-1901)
Porto de registo: Lisboa a -5-1884
Construtor: Dobson & Charles, Grangemouth, Inglaterra, 1882
ex “Strathcarron” – 1882-1884
Tonelagens: Tab 420,00 tons – Tal 292,00 tons
Comprimentos: Pp 47,40 mts – Boca 4,90 mts – Pontal 3,20 mts
Vendido a José de Sousa Maciel, da Empreza de Navegação do Rio de Janeiro em 1901,
mudou o nome para “Murupy”
Encontrava-se perdido e naufragado na praia ao sul da ilha das Andorinhas na costa Itabapoana no estado de Espírito Santo, Brasil em 1925[5]
“Gomes 5º” (1887-1888)
Porto de registo: Lisboa a 4-1-1887
Construtor: Burrel & Son, Dumbarton, Escócia, 1883
ex “Toreador” – Baird & Brown (W. Cunlife – W. Yeoman), 1883-1886
Tonelagens: Tab 435,00 tons – Tal 310,00 tons
Comprimentos: Ff 55,90 mts – Boca 9,00 mts – Pontal 4,00 mts
Naufragou após encalhe na parte de trás de Great Ganilly, ilha oriental das ilhas Scilly ou ilhas Sorlingas, Cornualha, Reino Unido, devido a denso nevoeiro em 9-7-1888. Os 18 tripulantes salvaram-se
“Lobito”, ex “Gomes VI” em Luanda, Angola, foto postal editado por Eduardo Osório, Luanda,
in http://naviosenavegadores.blogspot.com/2008/01/frotas-nacionais-comp-nacional-de_18.html
Gomes VI (colecção do autor)
“Gomes VI” (1889-1905)
Porto de registo: Lisboa a 26-4-1889
Construtor: John Elder & Co., Glasgow, Escócia, 1875
ex “Barnsley” – Manchester, Sheffield & Lincolnshire, 1875-1889
Tonelagens: Tab 575,00 tons – Tal 327,00 tons
Comprimentos: Pp 56,40 mts – Boca 8,20 mts – Pontal 4,60 mts
Vendido a J. Soares Franco, 16-2-1905 – 6-3-1905. Vendido a João Fonseca e Sá, 6-3-1905-Dezembro de 1905. Vendido à Empresa Nacional de Navegação, adoptando o nome “Lobito”, 1906-1909
Naufragou após encalhe no sul da ilha do Maio, Cabo Verde, em 4-2-1909, não havendo
registo de vítimas
Gomes 7º, in Commercio do Porto, XL Anno, n.º 51 de 2-3-1893
“Gomes 7º” (1892-1893)
Porto de registo: Lisboa em 1892
Armador: Alonso Gomes & Cª., Lisboa, 1892-1893
Construtor: Hall Russel & Co., Aberdeen, Escócia, Março 1877
ex “Banchory” – Grampian Steamship Co., Ltd., 1877-1892
Tonelagens: Tab 576,00 tons – Tal 372,00 tons
Comprimentos: Ff 54,36 mts – Boca 7,95 mts – Pontal 4,39 mts
Propulsão: 1 motor compósito do construtor – 2:Ci
Equipagem: 17 tripulantes
Naufragou no local do Cabedelo do Douro em Canidelo, Vila Nova de Gaia, após encalhe na barra do rio Douro em 1-3-1893, salvando-se a tripulação[6]
Postal da entrada de Gomes VIII no cais de Fortim e entrada do canal da doca comercial de Viana do Castelo (colecção de Couto Vianna)
“Gomes VIII” (1893-1899)
Porto de registo: Lisboa a 1-5-1893
Armador: Emp. de Navegação para o Algarve e Guadiana, 1893-1899
Constructor: Edwards Shipbuilding Co. Ltd., Newcastle, Ing., 1891
ex “Montague” – Merchant Banking Corp., 1891-1893
Tonelagens: Tab 702,70 tons – Tal 485,00 tons – 1.987,150 m3
Comprimentos: Ff 53,90 mts – Boca 8,50 mts – Pontal 4,30 mts
Equipagem: 17 tripulantes
Naufragou após encalhe no baixo Chaldrão, a ½ milha a norte das Berlengas a 5,7 milhas a oeste do Cabo Carvoeiro no extremo da península de Peniche sobre o Oceano Atlântico a 1-4-1899, devido a nevoeiro cerrado, em viagem do Porto para Lisboa, sob o comando do Capitão Manuel da Costa. O navio transportava 32 passageiros que se salvaram, havendo a lamentar a morte de 1 tripulante espanhol
Relatório sobre o Iate Gomes 1º a 19-9-1890
“Iate Gomes 1º” (1890-1890)
O iate “Gomes 1º”, de madeira, foi construído em 1889, no estaleiro de Fão, concelho Esposende, distrito de Braga (de Francisco Fernandes Gaiféro e outros), sendo lançado ao mar a 4-6-1890. Encalhou a 18-8-1890 na barra do porto de Esposende, vindo de Lisboa (a 7-9), conduzindo ferro para a ponte em construção sobre o rio Cávado, consignado pela Empresa Industrial Portuguesa, devido ao mar “arrojado” com a corrente de água no canal da barra, que “trabalhava” de encontro ao casco do navio «ás cinco horas da manhã do dia dezoito assentavasse completamente no fundo coberto quasi todo o asco d`água, não havendo tempo enquanto não vasasse a maré de fazer os salvamentos precisos, achando-se o navio em completo estado de ruina e sua carga, aguardando a descripção d` ella para exame a que se houver aí proceder (…)».[7]
[1]cf. J. M. Costa Almeida «Considerações a propósito do manganésio do Alentejo», in Sep. Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro, Porto, I-II, 1945, p. 16 e João Carlos Garcia – A navegação no Baixo Guadiana durante o ciclo do minério (1857-1917) [Texto policopiado], volume I, tese de doutoramento em Geografia Humana pela Universidade do Porto, 1996, p. 153
[2]cf. Biblioteca Municipal de Beja, Jornal A Folha de Beja de 24-6-1897, Ano V, n.º 234, p. 1.
[3]cf. Os barcos a vapor de Alonso Gomes empregues nas carreiras entre Mértola e Vila Real de S.to António e entre Lisboa e os portos do Algarve (1870-1903), eram considerados para todos os efeitos legais como paquetes «Art. 21º Os barcos empregados n`estas carreiras serão considerados para todos os effeitos como paquetes», in contrato celebrado com Alonso Gomes, para o serviço da navegação a vapor entre Lisboa, Sines e os portos do Algarve, bem como entre Mértola e Vila Real de Santo António no rio Guadiana pela 2ª Repartição da Direcção Geral da Marinha do Ministério dos Negócios da Marinha e Ultramar em 6-10-1874 e artigo 14º do contrato provisório entre o Governo e Alonso Gomes para o serviço de navegação a vapor entre Lisboa e os portos do Algarve e entre Mértola e Vila Real de S.to António celebrado em Lisboa a 16-11-1883.
[4]cf. Relatorios dos governadores das provincias ultramarinas: provincias de S. Thomé Principe e de Moçambique, anno de 1883, Lisboa: Impr. Nacional, 1889, p. 169.
[5]cf. Subsídios para a História marítima do Brasil, Vol. I, Brasil: Serviço de Documentação Geral da Marinha-Imp. Naval, 1938, p. 337. Refira-se que o desenho muitas vezes publicitado nos jornais é muito idêntico a muitas outras embarcações (paquetes e vapores) pelo que esta ilustração deverá ser entendida como um protótipo do vapor Gomes IV.
[6]cf. O referido na nota 3 aplica-se também a este navio Gomes 7º.
[7]cf. Biblioteca Central de Marinha – Arquivo Histórico, Caixa 701, Relatório da Secretaria da Delegação da Capitania do porto de Viana do Castelo em Esposende do delegado da Marinha João Augusto de Carvalho, chefe de Secção a 19-9-1890.