Nunca é por demais relembrar George Agostinho Batista da Silva, mais conhecido por Professor Agostinho da Silva, esse português singular, escultor de utopias e adepto incondicional da vida livre e gratuita que não gostando de ser mestre nem discípulo, viveu despojado de bens materiais toda a sua vida, defendendo em escritos e ensaios o destino universal dessa grande comunidade que é a língua portuguesa, sendo mesmo um dos grandes incentivadores da criação dessa irmandade que hoje conhecemos pela sigla de CPLP. Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa.
Apesar de ter nascido no Porto escolheu Barca Dalva como sua terra mãe e seu porto de abrigo, conforme nos diz em forma quadra simples e desconcertante: “Me fiz gente se é que sou/ Em Barca Dalva do Douro/ Para cima tudo Celta/ Para baixo tudo mouro o pior é que Alentejo e Algarve tendo nas veias/ Como vou libertar-me de tão apertadas teias.”
Agostinho da Silva cultivava apaixonadamente a liberdade, paixão essa, que lhe custou a exoneração ao recusar-se a assinar uma lei Salazarista conhecida como lei Cabral. Um documento onde tinha que jurar não pertencer a nenhuma sociedade secreta. Para além de Agostinho da Silva, só Fernando Pessoa e Norton de Matos disseram não a tão vil obrigação.
Colaborou activamente em diversas publicações, com especial destaque para a revista “Seara Nova“ onde publicou textos sobre o desenvolvimento cultural e educacional do país que desagradaram aos poderosos senhores do Estado Novo.
Para além de se incompatibilizar com o Estado Novo, também arranjou na Igreja católica outro inimigo de eleição ao publicar “O Cristianismo” em 1943 e “Doutrina Cristã” em 1944 em que assume posições como as que passo a citar “ Deus não exige de nós nenhum culto… Todos podemos ser sacerdotes, porque todos temos capacidades de inteligência e amor… Estão ainda longe de Deus, de uma visão ampla de Deus os que fazem consistir o seu culto em palavras e ritos.”
Farto de Portugal parte primeiro para Espanha e posteriormente para ao Brasil onde funda Universidades e centros de estudo Africanos e de língua portuguesa em Paraíba, Santa Catarina, Brasília e Baia e onde hoje se lecciona uma cátedra que tem o seu nome.
Em 1969 com a chegada da ditadura ao Brasil, Agostinho regressa a Portugal, onde passa pela direcção do centro de estudos latino-americanos da Universidade Técnica de Lisboa, sendo ainda consultor do Instituto Cultura e Língua Portuguesa, desenvolvendo também contactos intensos com a Galiza e Catalunha.
Nos últimos anos da sua vida torna-se inadvertidamente numa estrela televisiva, ao participar no saudoso programa “Conversas Vadias”.
Este velhinho de barbas brancas com olhos de criança e ar de avô de todos nós, pregava milhões de portugueses ao ecrã do televisor, que bebiam avidamente do seu saber excepcional.
“Não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida, sou do paradoxo que a contém no total.”
Que melhor definição poderia dar de si mesmo?
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