Aeroporto de Beja

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

António Sebastião

presidente da Câmara de Almodôvar

A divulgação do relatório da auditoria do Tribunal de Contas sobre o aeroporto de Beja foi como se um verdadeiro terramoto se tivesse abatido sobre a região, fazendo com que um projecto que tinha como fim o aproveitamento integral da infra-estrutura existente na BA 11 com um esforço de investimento reduzido, e promovesse o desenvolvimento da região Alentejo com actividades ligadas ao sector da aviação civil, como o transporte de passageiros, carga, indústria aeronáutica, formação e logística, ficasse agora comprometido.
De acordo com os objectivos do projecto, o turismo e a exportação de produtos agro-alimentares assegurariam a viabilidade do uso civil da base aérea de Beja, sendo que, do ponto de vista técnico, seria possível a abertura ao tráfego civil. Na verdade, áreas de negócio como o processamento de carga, o transporte de baixo custo (low cost) de passageiros, e a manutenção de aeronaves eram considerados negócios atractivos, concluindo-se, pela análise do custo-benefício, que o aeroporto de Beja seria viável do ponto de vista económico-financeiro. Porém, tudo o que no início deste século e milénio era verdadeiro, viável e promissor de um novo rumo para o desenvolvimento da região Baixo Alentejo foi agora posto em causa por via de um relatório verdadeiramente arrasador, que pretendeu pôr a nu as fragilidades e as presumíveis insuficiências de um projecto em que todos acreditávamos.
Não obstante as conclusões do Tribunal de Contas, como cidadão alentejano com responsabilidades políticas na região, não posso deixar de publicamente manifestar a minha convicção nas virtudes de um projecto que considero viável e fundamental para a dinamização e projecção do Baixo Alentejo.
Com efeito, pese embora entender que o Governo nunca quis verdadeiramente construir e viabilizar o aeroporto de Beja, oferecendo-lhe resistência até ao ano de 2003, sucessivamente adiando o investimento desde 2005, que culminou com a ausência de execução das infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias fundamentais para a prossecução do projecto, não creio que as conclusões do Tribunal de Contas sejam susceptíveis de abalar os pressupostos que presidiram à construção do aeroporto.
Na verdade, independentemente da bondade das conclusões reveladas naquele relatório, afigura-se-me que o destaque que lhe foi dado não estará dissociado de interesses económicos não claramente assumidos, mas porventura ligados à construção do futuro Aeroporto Internacional de Lisboa, em Alcochete.
Sem embargo da responsabilização daqueles que ao longo dos últimos anos tiveram em mãos o desenvolvimento, acompanhamento e a concretização de tão importante e fundamental investimento para a nossa região.
Não esquecendo também o errático planeamento e visão estratégica, que, em 2008 culminou com o anúncio, feito pelo primeiro-ministro José Sócrates, de que a empresa brasileira Embtaer pretenderia instalar em Évora duas unidades de fabrico de equipamento aeronáutico, num investimento de cerca de 200 milhões de euros, que previa a criação de 500 postos de trabalho directos e mais de 1.000 indirectos, impõe-se, contudo, que, na defesa dos interesses da região, se unam e congreguem esforços para que, a curto prazo, o aeroporto de Beja seja a realidade em que todos acreditamos, e que a curto-prazo queremos ver a funcionar como um motor do desenvolvimento económico-social da nossa região.

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