Aeródromo de Beja. A verdade!

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Mário Simões

Todo o tipo de mais valias têm sido apontadas de há mais de uma década a esta parte para justificar a utilização civil da Base Aérea nº 11: carga, passageiros, manutenção de aeronaves, terminal para voos executivos, charters, low cost, base para lançamento de satélites de comunicações, parque de estacionamento para aviões e até armazém de sucata de aviões.
A solicitação dos governos socialistas transitaram por Beja, entre 2006 e 2011, um naipe de especialistas que, com a ajuda de power point, venderam aos da casa um projecto à dimensão do imaginário. Gato por lebre.
De aeroporto internacional passou a intercontinental, lembram-se? Era tal a pujança do empreendimento que o complexo industrial de Sines ficaria um anão ao lado do projecto aeroportuário de Beja. Até que… num célebre documento divulgado pelo primeiro Governo de José Sócrates, o aeroporto internacional, intercontinental (faltou o tempo para o declararem interplanetário) foi simplesmente reduzido a aeródromo. Coisa de somenos, apressou-se logo a contemporizar o deputado socialista, Pita Ameixa. Depois veio a guerra aeroporto de Beja ou do Alentejo. Ficou aeroporto de Beja do Alentejo.
Voltando à memória dos homens, todos estamos lembrados como três governos socialistas geriram o empreendimento. Alguém consegue esquecer o caricato que envolveu um projecto que se tornou particularmente visível por causa do seu constante pára-arranca das obras, dos percalços, das condições meteorológicas, do não sei quê que apareceu e obrigou a parar, a suspender ou a reduzir os trabalhos. Não é possível esquecer as promessas de inauguração para 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 feitas pelo mesmo… José Sócrates.
Até que chegaram os conturbados períodos eleitorais e o PS nacional, regional, local, ao nível de bairro, etc, se viu forçado a congeminar uma forma de realçar um aeroporto que de facto não existia!
Nas últimas autárquicas, o entusiasmo era tanto que o candidato Jorge Pulido Valente ofereceu um pilar para o futuro aeroporto de Beja. À pala do pilar veio um prolixo rol de lugares comuns, do género: para um Baixo Alentejo proactivo mais justo e mais democrático, um aeroporto ao seu serviço a todas as horas para ir às compras ou simplesmente passear, assim a modos… vá para fora cá dentro.
O nosso Valente Pulido assim que ganhou as eleições, à custa de eleitorado alheio, lançou para as calendas gregas um dos seus sete pilares do desenvolvimento que transformariam Beja na Beja Capital.
E foi tal a dimensão do esquecimento, que coube a um camarada seu de Ferreira do Alentejo o mérito de dinamizar o voo inaugural. A dinâmica que pretendia fazer de Beja a Beja Capital revelou-se um objectivo pífio, em tudo igual ao projecto internacional ou intercontinental que José Sócrates tinha prometido aos alentejanos.
Aliás, se o aeroporto de Beja teve movimento nos dois anos do segundo Governo de José Sócrates, dois anos repito, foi necessário à Agência de Promoção do Turismo do Alentejo desembolsar 400.000 euros para ter no aeroporto de Beja todas as semanas um avianito com meia dúzia de lugares ocupados. Se é esta a capacidade criativa e a dinâmica que a Concelhia de Beja do PS pretende promover como o caminho a seguir para ter passageiros, carga, manutenção e mais blá,blá, no aeroporto de Beja, então ficamos a saber qual o caminho mais directo para cair às mãos da “troika”.
É curiosa a forma que a Concelhia de Beja do PS escolheu para indicar o caminho rumo ao futuro ao Governo de Passos Coelho, ao PSD de Beja e ao deputado Mário Simões. É uma espécie de cartilha maoísta, com 10 pontos, menos dois que o candidato Valente Pulido apresentou na véspera da eleições para a Câmara de Beja, recordam-se? Prometeu uma espécie de plano de emergência em 12 pontos para aplicar logo que tomasse posse. Assim que tomou posse, não podia aplicá-lo porque encontrou uma Câmara cheia de dívidas.
Fazendo paralelismo, o deputado Mário Simões também poderia alegar que não há aeroporto de Beja porque o PS deixou o país carregado de dívidas. Mas infelizmente o problema não é apenas falta de fundos. O problema reside sobretudo na convicção cada vez mais enraizada na maioria das pessoas que o PS começou o aeroporto de Beja pelo telhado.
Se em 12 anos três governos socialistas, com um interregno de três anos de um Governo de coligação PSD/PP, não conseguiram pôr no ar o projecto aeroportuário de Beja, não se percebe como podem pretender que o deputado Mário Simões e o Governo de coligação PSD/PP o fizessem em 90 dias. O dilema é tão só este: que fazer com uma obra de 33 milhões de euros? Este é o nó górdio que o actual Governo vai ter de desatar. O resto, bom resto, é o trivial folclore socialista, que colocou Portugal no pódio dos países mais endividados da União Europeia, uma Grécia no extremo ocidental da Europa.
Percebe-se porque é que Concelhia de Beja do PS considera uma obra de 33 milhões de euros “barata”. O problema é que o barato está a sair muito caro. O país está cheio de obras “baratas” promovidas por José Sócrates.

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