Há mais de uma década que Manuel Eduardo, de 66 anos, aproveita o quintal de um parente emigrado para semear couves, cebolas, batatas, salsa e coentros. Mas dentro em breve este bejense residente num apartamento de quatro assoalhadas no centro da cidade vai poder finalmente ter a sua própria horta, desde que seja um dos eleitos para trabalhar a terra dos 138 talhões que a Câmara de Beja vai disponibilizar para o efeito.
O projecto “Hortas Urbanas – Cidade de Beja” é apresentado publicamente pela autarquia esta segunda-feira, 12, a partir das 16h00, no auditório da Biblioteca Municipal José Saramago e segundo adianta ao “CA” fonte oficial da edilidade vai permitir “a valorização ambiental e o incremento de biodiversidade” no município, “a par da formação para a cidadania dos munícipes numa lógica inter-geracional”.
Além do mais, continua a mesma fonte, “estes espaços verdes vão permitir obter alimentos de qualidade de forma rápida, segura e económica, o que além de acrescentar valor ao rendimento familiar, constitui também um interessante espaço de lazer e coesão social”.
As futuras hortas comunitárias de Beja ficarão localizadas numa área de terreno entre a Quinta d`El Rei e o Bairro do Pelame com perto de 1,25 hectares, divididos em 138 talhões com 40 a 80 metros quadrados cada e rega garantida por uma nora tradicional. É aí que Manuel Eduardo e os outros bejenses interessados poderão desenvolver as suas culturas, beneficiando igualmente de um sistema de adução de água alimentado por energia fotovoltaica, de acesso a um ponto de luz, de um abrigo comum para o depósito de utensílios agrícolas, de um espaço comum para compostagem ou depósito de resíduos orgânicos, de instalações sanitárias, de uma zona de primeiros socorros e de um painel informativo (onde será divulgada informação sobre os modos de produção e práticas culturais ambientalmente mais correctas).
“A atribuição dos talhões de terreno cultivável, mediante uma tarifa mensal, vai privilegiar as primeiras inscrições e os residentes nas freguesias urbanas de Beja”, revela fonte da Câmara de Beja, explicando que o valor das “rendas” constituirá um fundo comum de reservas para a manutenção e conservação do espaço e dos seus equipamentos.
O projecto “Hortas Urbanas – Cidade de Beja” visa também assumir-se como uma “resposta social” da Câmara neste momento de crise. Nesse sentido, e porque a iniciativa vai “permitir a produção complementar de alimentos”, a autarquia pretende levar em linha de conta na atribuição dos talhões “a situação de carência económica do agregado familiar”.
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