A Santa Casa da Misericórdia de Beja já está a trabalhar na elaboração do projeto da “Cidadela da Misericórdia”, a instalar numa área com cerca de 13.000 metros quadrados no Bairro dos Moinhos e que pode receber investimentos nas áreas do social, da saúde, da gerontologia e do património.
“É um projeto que vai ser muito importante para o concelho e para a região e que raramente se tem oportunidade de fazer, porque é pensar numa zona muito grande de uma maneira global e não por partes”, explica ao “CA” o provedor da Misericórdia de Beja, João Paulo Ramôa.
O mesmo responsável acrescenta que no local apenas irão surgir investimentos ligados “à área social ou à área da saúde”. “Ou seja, não tem nada a ver com as áreas da habitação ou dos equipamentos”, diz.
Segundo João Paulo Ramôa, “a ideia é criar uma área com muitas zonas verdes, sem muros de separação entre as várias valências que forem sendo implantadas, para fazer uma coisa que seja uma boa solução para aquela zona da cidade”.
Nesse sentido, a Misericórdia e a Câmara de Beja assinaram, no final de junho, um protocolo de colaboração, que define o “apoio financeiro” a disponibilizar pela autarquia e “acentua o interesse no anteprojeto do espaço ‘Cidadela da Misericórdia’ face ao importante impacto que pode ter na zona da cidade onde se pretende implementar”.
O apoio da Câmara de Beja para fazer projeto “é fundamental”, sublinha João Paulo Ramôa, que espera ter uma ideia concreta do que se poderá fazer no local “dentro de seis meses”, seguindo-se um período de discussão pública, “que irá além da região”.
“Contamos ter ideia fechada lá para o final do primeiro trimestre” de 2023, mas “não há que ter pressa”, nota o provedor, acrescentando que este “é um projeto que, para estar todo concluído, poderá demorar 10 ou 15 anos”.
Depois de elaborado o projeto, será necessário “encontrar os parceiros” dispostos a investir no local, “pois a Misericórdia não tem a mínima possibilidade de levar a cabo, sozinha, um projeto destes”.
Por isso mesmo, continua João Paulo Ramôa, tudo será feito “sem qualquer tipo de dogmas”, podendo os investimentos a realizar serem “puramente públicos, público-privados ou privados”. “Com o projeto feito, tudo o que nascer vai nascer com coerência” e o “o dono do terreno será sempre a Misericórdia”, diz.
O provedor refere igualmente que o projeto da “Cidadela”, que tem “quase a dimensão de um [programa] Polis”, permitirá também à instituição entrar num novo ciclo, mudando para o local grande parte dos seus serviços.
“Faz todo o sentido concentrar ali os nossos serviços, até porque precisamos de ‘libertar’ o edifício onde temos a sede [antigo hospital], pois estamos a fazer um projeto de reformulação do rés-do-chão para ‘entregá-lo’ à cidade, com o Museu da Farmácia reformulado, a igreja também e aqueles espaços todos dimensionados para outro tipo de atividades”, conclui.