A editora Alêtheia acaba de publicar Cartas de uma religiosa portuguesa, em que colige as cinco cartas atribuídas à freira bejense Mariana Alcoforado.
Reza a história que as cartas terão sido enviadas pela religiosa a um oficial do Exército francês, acabando por publicadas em Paris no ano de 1669.
Nesta edição da Alêtheia as cartas são acompanhadas por uma introdução de Sofia d’Oliveira, na qual é colocada a questão da autoria que suscitou várias dúvidas, nomeadamente a Jean-Jacques Rousseau, que afirmou que as mulheres “não sabem descrever ou sentir o amor” e apostou que estas tinham sido escritas por um homem.
Mariana Alcoforado deu entrada, aos 11 anos, no convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, e ter-se-á apaixonado pelo oficial do Exército francês Nouel Boton a quem franqueou a entrada na sua clausura.
Esta transgressão causou escândalo e o militar teve de fugir para Paris, prometendo vir buscar Mariana que lhe escreveu cartas que “começam com palavras de esperança e depois acabam em incerteza e abandono”, escreve Sofia d’Oliveira.
As cartas, lê-se na introdução, “ficariam para sempre para a história da literatura mundial como um clássico das paixões impossíveis e desesperadas”.
Mariana foi entretanto nomeada abadessa, tendo morrido, em 1740, aos 83 anos.
Estas cartas deram origem a várias peças de teatro e até a poemas e fados como “Sina das Marianas”, de João Linhares Barbosa, do repertório de Mariana Silva.
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