A Escola Básica de São Martinho das Amoreiras (Odemira) é um dos estabelecimentos dos agrupamentos de escolas de Colos e Sabóia onde, desde o início de Maio, começaram a ser leccionadas aulas de toque de viola campaniça.
Uma ideia que surgiu no âmbito do projecto de valorização da viola campaniça e do cante de improviso, que tem vindo a ser dinamizada pela Câmara Municipal de Odemira em parceria com a Junta de Freguesia de São Martinho das Amoreiras, a Associação para o Desenvolvimento de Amoreiras-Gare e a Casa do Povo de São Martinho das Amoreiras.
“Este concelho foi uma grande zona de cante mas nos últimos tempos tem definhado um pouco, porque os grandes tocadores e cantadores têm vindo envelhecendo – alguns se calhar já desapareceram – e não tem havido uma grande renovação. E este projecto quer tentar colmatar essa falha e tentar trazer os jovens para o cante e para a viola campaniça”, sublinha Carlos Loução, de 32 anos, que regressou da Amora (Seixal) para ensinar os mais novos a tocar viola campaniça.
Uma “arte” que aprendeu com o “mestre dos mestres”: o falecido Manuel Bento. “Ele ensinou-me o que sei há quase 19 anos e hoje estou a tentar transmitir esses ensinamentos aos miúdos da mesma maneira”, confidencia.
Atrás de si, agarrados à campaniça, estão 13 das crianças que frequentam o segundo, terceiro e quarto ano na EB de São Martinho das Amoreiras. Nalguns casos a viola é maior que eles próprios. Enquanto o professor explica o ponto ou a forma de dedilhar há alguns que olham distraídos para os colegas do lado. Outros, mais atentos, captam com toda a atenção o jeito do toque. No final todos sorriem com as primeiras tentativas de tocar a moda “Rio Mira vai cheio”.
“O grande objectivo é ensinar-lhes os primeiros acordes e as noções básicas da viola campaniça. E tentar ‘arrastá-los’ para esta cultura da viola campaniça, das modas alentejanas e do cante”, explica Carlos Loução.
Uma missão, garante, que está a ser bem sucedida, apesar da tenra idade dos aprendizes. “Há miúdos com muita vontade, que se gostam de agarrar à viola! Eles têm estado com interesse nas aulas”, afiança, corroborado pela professora Hélia Patrício, que se diverte a ver os seus alunos a tocar.
“Preservar esta tradição é muito importante. Estas crianças crescem a ouvir isto e agora que estão a aprender lembram-se logo de manhã que hoje é dia de aula de viola campaniça”, revela a docente.
A hora de aula passa num ápice. Haverá mais nas poucas semanas que restam até final do presente ano lectivo. “Vamos ver se a 23 de Junho já conseguimos tocar uma moda completa”, diz Carlos Loução em tom de desafio aos pequenos tocadores. Eles abanam a cabeça, como que a dizer que não. Mas com certeza que serão!
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