O presidente da Câmara de Odemira considera que as acessibilidades rodoviárias continuam a ser um dos maiores “calcanhares de Aquiles” do concelho do Litoral Alentejano.
“Uma região como o Alentejo tem distâncias muito grandes e algumas dificuldades que todos conhecemos na rede viária nacional. Mas o concelho de Odemira, em particular, é muito afectado”, tendo “uma rede viária que não está ao nível daquilo que conhecemos nas principais regiões deste país”, sublinha ao “CA” José Alberto Guerreiro.
Garantindo que “chegar de Odemira a qualquer dos centros administrativos é um drama”, o autarca dá o exemplo de uma simples ida ao hospital para uma consulta de rotina: “Basta pensar que o hospital de Beja – onde vão as nossas grávidas – está a 100 quilómetros e que o Hospital do Litoral Alentejano, que nos serve directamente, está a 65 quilómetros”.
“O concelho de Odemira, por estar no Sudoeste Alentejano, está de facto um pouco segregado. Diria que um destes dias será mais fácil chegar a Marrocos do que chegar a outro lugar deste país… A verdade é que a rede viária que temos tarda em ser actualizada”, acrescenta o edil socialista.
Na mira de José Alberto Guerreiro está, em primeira instância, o IC4, que deveria existir para ligar Sines a Faro, passando por Odemira, mas ainda não saiu do papel.
“Gostaríamos que um dia tivéssemos o IC4 com um traçado ajustado, que nos ligasse ao IC1 [no nó de Ourique] e com isso podermos ter uma ligação mais fácil à capital de distrito. Isso consta do Plano Nacional Rodoviário há muitos anos e continua a ser um dos nossos objectivos, mas os desenvolvimentos têm sido muito poucos”, lamenta.
Ao mesmo tempo, o edil odemirense aponta o dedo às “péssimas condições” da EN 120, nomeadamente na zona de São Luís.
“Neste momento, a via nem tem sequer condições para o cruzamento de dois pesados. Está numa situação deplorável e obviamente que se tivéssemos o IC4 esta estrada poderia funcionar como complementar”, argumenta.
O presidente da Câmara de Odemira lamenta ainda o mau estado da EN 266, “que trespassa todo o interior” do concelho e “está numa situação deplorável, especialmente entre Luzianes-Gare e a ligação a Monchique”.
Em breve, o troço entre Luzianes-Gare e Sabóia vai ser requalificado pela Estradas de Portugal, num investimento de dois milhões de euros, mas para José Alberto Guerreiro “ainda fica metade por fazer”.
O estado da ligação de Odemira a Beja, através da EN 263, da EN 2 e da EN 18, também está longe de agradar a José Alberto Guerreiro.
“Embora haja uma melhoria significativa até ao entroncamento do Montenegro, daí para Beja é um calvário, com troços em bom estado e troços em mau estado. Ora não é possível transportar grávidas em situação de urgência num itinerário de 100 quilómetros nestas condições”, vinca.
