Buínho Fab Lab faz pensar “fora da caixa”

Buínho Fab Lab faz

O canadiano Kelly Coughlin, de 32 anos e formado em Arquitectura, foi um dos últimos “inquilinos” da Associação Buínho, o fab lab que o casal Carlos Alcobia e Sara Albino criaram em Messejana quando resolveram deixar Lisboa. O espaço nasceu há pouco mais de um ano e tem um propósito assumido: levar a inovação a um território rural, num ambiente de experimentação e descoberta.
“Num fab lab pode fazer-se quase tudo! É um espaço que congrega diferentes tecnologias que se complementa, de forma a uma pessoa poder ter fabricação digital em quase todas as formas”, explica Carlos Alcobia. A impressão 3D é uma das tecnologias presentes no Buínho, assim como o corte de vinil e o corte de laser. “A ideia é podermos trabalhar as diferentes máquinas e as diferentes tecnologias de forma complementar”, acrescenta.
Mas o projecto do Buínho assenta numa outra particularidade: o conceito de “casa”. “É o que falta a espaços como este em Lisboa e no Porto. Porque para ser um projecto interessante num território de baixa densidade tínhamos de ter capacidade de alojamento, para atrair pessoas de fora para dentro”, justifica Carlos Alcobia, explicando que quem por lá passa nunca fica menos de duas semanas.
Estes períodos são aquilo que Carlos Alcobia designa de “residências artísticas”. “Hoje em dia começa a haver uma nova geração de criativos que procura espaços como este para transformar ideias em coisas concretas”, nota, revelando que desde Fevereiro de 2018 já receberam artistas vindos de várias latitudes, dos EUA ao Japão passando por Hong Kong, Finlândia ou Argentina.
Estas residências artísticas foram a solução encontrada por Carlos Alcobia e Sara Albino para, desde logo, “rentabilizar a estrutura e o investimento feito” no Buínho. Mas é na Educação e na capacitação das novas gerações face aos desafios impostos pelo futuro que reside o grande desafio deste fab lab. Para Carlos Alcobia este é um tema que deve ser levado muito a sério, sobretudo nos territórios do interior, onde os mais novos sentem grandes dificuldades em ter acesso a estas questões.
“Dentro de 10 ou 15 anos poderá haver uma décalage tremenda entre quem tem acesso a trabalhos qualificados e quem não tem. Ou seja, vamos voltar a ter um país a dois tempos: uns vão trabalhar para as caixas do supermercado, outros controlam o processo de produção”, alerta Carlos Alcobia. “Foi isso que nos fez querer trabalhar com jovens e crianças e focar-nos na educação de competências digitais”, acrescenta.
É dentro desta lógica que o Buínho tem vindo a colaborar com a escola básica de Messejana, num trabalho que pretende alargar ao Agrupamento de Escolas de Aljustrel e até aos concelhos vizinhos. “Cada vez mais as empresas precisam de criativos nas novas economias digitais. E as escolas estão a ter dificuldades em preparar e a trazer pessoas para essas áreas”, justifica Carlos Alcobia, para quem as “línguas de programação” são o futuro e o empreendedorismo tem de ser ensinado com prática.
“As verdadeiras aulas de empreendedorismo são desbloquear a cabeça das pessoas: dizeres como podes falhar de forma rápida e eficiente. Porque vais sempre falhar e vais aprender falhando. E as escolas podiam ensinar a querer ir atrás do desconhecido”, conclui.

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Correio Alentejo

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