O bispo de Beja, D. João Marcos, revela que os autores dos cinco casos de abuso de menores identificados pela comissão independente já faleceram, mas disse existirem mais quatro casos identificados pelos arquivos diocesanos, um dos quais em julgamento.
Em comunicado, consultado pelo “CA”, o bispo anuncia que nos arquivos da Diocese de Beja constam quatro casos, “denunciados entre os anos 2001 e 2020”.
“Todos eles, sem exceção, mereceram o devido e obrigatório encaminhamento, tanto civil como canónico, com um decurso normal e necessário quanto às diligências de investigação e probatórias”, frisa.
Segundo D. João Marcos, o caso mais recente remonta ao ano de 2020 e “está relacionado com um leigo em formação para o sacerdócio, que foi denunciado por assédio sexual”. O leigo em questão “foi expulso do seminário e o assunto foi entregue às autoridades civis e julgado no Tribunal da Comarca de Beja, aguardando-se a sentença”, adianta.
Relativamente aos outros casos identificados nos arquivos diocesanos, o primeiro é de 2001 e “foi tornado público e bastante comentado nos jornais da época por envolver um sacerdote e uma jovem de 17 anos”. “O processo seguiu para Roma e a sentença foi a sua demissão do estado clerical”, explica D. João Marcos.
Outro dos casos teve que ver com uma acusação a um sacerdote, “que estaria a perseguir um menor”, mas acabou absolvido em tribunal.
Por fim, o quarto caso nasceu “de uma denúncia anónima que a Diocese de Beja recebeu diretamente do Dicastério da Doutrina da Fé”, tendo sido investigado pela Polícia Judiciária “e posteriormente arquivado por falta de provas”.
“Todos eles, sem exceção, mereceram o devido e obrigatório encaminhamento, tanto civil como canónico, com um decurso normal e necessário quanto às diligências de investigação e probatórias”, frisa o bispo de Beja, D. João Marcos
D. João Marcos revela ainda, no comunicado, que os cinco alegados abusadores, “quatro sacerdotes e um leigo”, indicados na lista entregue à Diocese de Beja, a 3 de março, pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica, “já faleceram”.
De acordo com o prelado, o primeiro nome “aparece ligado a uma situação que remonta ao ano de 1963”, tratando-se de “um sacerdote que viveu na cidade de Beja e, na sequência do ocorrido, deixou a Diocese”.
Já o segundo nome citado “refere-se a uma situação que terá acontecido da segunda metade da década de 67-68 e está relacionada, igualmente, com um sacerdote que tinha responsabilidades na educação de crianças”, acrescenta.
O bispo de Beja revela ainda que o terceiro nome “aparece numa situação bastante vaga”, dizendo “respeito a um leigo que exercia funções de sacristão na cidade de Moura ou numa freguesia deste concelho”.
Por sua vez, continua, “o quarto nome apresenta-se também numa situação algo vaga, […] no ano de 1978 e está relacionado com um sacerdote de Serpa ou de uma freguesia do mesmo concelho”.
Finalmente, “o quinto nome diz respeito a uma situação ocorrida nos inícios da década de 80, em Mértola e trata-se de um sacerdote que ali se encontrava, mas não era o pároco da vila”.
“De referir que nenhuma destas situações consta dos arquivos da Diocese [de Beja] ou foi de alguma forma denunciada junto da mesma, sendo que, através do relatório enviado não nos foi possível apurar os factos e contornos das denúncias”, observa o bispo de Beja, considerando ser, “de todo, impossível e ineficaz fazer quaisquer diligências de investigação”.
“Todavia, manifestamos o nosso compromisso, zelo e empenho em prestar o apoio necessário a qualquer vítima que pudermos identificar”, conclui.