O secretário-geral do PCP acusou este sábado, 3, o Governo de ter um projecto de "liquidação a sangue frio do regime democrático", considerando que a presença de Passos Coelho e Paulo Portas no Governo "tornou-se um perigo" para a democracia.
"Não se trata apenas da gravidade das medidas violentíssimas" do Orçamento do Estado (OE) para 2013, que "é filho do pacto de agressão" assinado por PS, PSD e CDS-PP, mas também do "projecto que se desenha, metodicamente elaborado e pensado, de liquidação a sangue frio do regime democrático de Abril consagrado na Constituição", disse Jerónimo de Sousa.
Segundo o líder dos comunistas, que falava num comício em Beja, a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do líder do CDS-PP, Paulo Portas, "à frente do Governo, já não é apenas uma ameaça às condições de vida, cada vez mais precárias, dos portugueses e ao próprio futuro soberano do país", mas "tornou-se um perigo para a sobrevivência do próprio regime democrático constitucional".
No debate desta semana do OE para 2013, no Parlamento, "ficou muito claro" que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas "consideram que é hora de dar a estocada final no projecto de democracia constitucionalmente consagrado, concretizando uma velha aspiração da direita portuguesa", afirmou.
"O rumo que o país segue é cada vez mais preocupante e o programa que o Governo PSD/CDS-PP executa, em estreita articulação com a ´troika’ estrangeira, que se arroga dona do país e do destino dos portugueses, assume contornos crescentemente perigosos e sinistros", alertou.
O líder do PCP considerou a "operação de refundação do Estado" anunciada por Pedro Passos Coelho uma "grande fraude ideológica", que "assenta na ideia de que o país está perante um único dilema: o de aumentar impostos ou cortar nas funções sociais do Estado".
Trata-se de "um falso e fraudulento dilema, que sonega a verdadeira solução para os problemas do país", disse Jerónimo de Sousa, alertando: "Não haja ilusões. Ou se põe fim a este Governo, a esta política, a este pacto de agressão, ou eles acabam com o país".
Jerónimo de Sousa reagiu à resposta do secretário-geral do PS, António José Seguro, à carta que o primeiro-ministro lhe tinha enviado, propondo um consenso para a "refundação" do programa de ajustamento.
"Parece que Passos escreveu uma carta a Seguro. Parece que Seguro respondeu com outra carta. Diz a comunicação social: uma carta dura. Não sabemos se é dura se é mole, o que sabemos é que, mais do que uma carta dura, a este plano de subversão do regime democrático, o que era importante era ouvir o PS dizer não e estar disposto a combater connosco [PCP] na defesa do regime democrático consagrado na Constituição da República", disse.
Jerónimo de Sousa acusou o ministro das finanças, Vítor Gaspar, de "uma grande intrujice", por ter comparado a aplicação do memorando da ´troika’ a uma "maratona", "dizendo que estamos na fase final, que falta um bocadinho para a meta, o bocadinho do percurso mais duro".
"É uma grande intrujice", disse, afirmando que "toda agente já percebeu" que o Governo "altera as regras da corrida em andamento", "faz sistematicamente batota mudando o lugar da meta para mais longe" e que "a maratona nunca chega ao fim".
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