Apostar mais nas exportações e definir uma estratégia consistente na área do enoturismo são os dois principais desafios da Sociedade Agrícola Encosta do Guadiana, produtora dos vinhos Paço do Conde. Segundo o seu administrador, José Castelo-Branco, o tempo não está fácil para ninguém mas, graças a uma relação qualidade/preço “muito boa”, a adega tem conseguido “crescer cerca de 30%” nas vendas.
“Claro que o consumidor olha para a relação qualidade/preço e isso é cada vez mais determinante em todo o lado, sobretudo com a grande quantidade de marcas disponíveis. No nosso caso, esse é um factor de competitividade”, afirma ao “CA”, salientando que o “grande segredo” dos vinhos Paço do Conde é serem produzidos numa região que “é extraordinária para produzir vinho”.
Pronto para novos desafios, José Castelo-Branco optou por tirar os seus vinhos das prateleiras das grandes superfícies. Uma decisão estratégica por não aceitar “as margens [de lucro] muito esmagadas” e por recusar “praticar preços abaixo do custo [de produção], como seria possível a curto ou médio prazo”.
“É uma decisão económica e financeira. Entregámos o nosso produto a distribuidores locais que não fazem campanhas em que as pessoas ‘pagam uma garrafa e levam três’ ou ‘compram uma caixa e levam outra’. São promoções muito caras para os produtores e, por isso, não podem ser feitas constantemente”, explica.
Com cerca de 60/70% de garrafas vendidas no mercado externo e “a preços superiores aos que se conseguem praticar” em Portugal, Castelo-Branco destaca os resultados na América do Sul, especialmente no Brasil. E tem crescido muito nos Estados Unidos e no Canadá, começou recentemente a exportar para a China e tem quotas de mercado assinaláveis em toda a União Europeia – “Com grande satisfação nossa, muito recentemente entrámos na Alemanha e na Polónia”, revela.
Para o futuro, o empresário quer apostar no enoturismo! Com o sector a registar evolução e o conceito do vinho de quinta a ser muito valorizado, Castelo-Branco está consciente que “os importadores querem ver a adega e as condições da produção”.
“Isso é essencial e é bom que venham ver uma produção que não é industrial! É familiar e isso é um factor de muita competitividade. Nós também temos de entrar nessa oferta do enoturismo, cada vez com mais qualidade, atenção e acompanhamento pessoal”, define.
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