O acordo da Estradas de Portugal com a Estradas da Planície, responsável pela subconcessão rodoviária do Baixo Alentejo, valeu uma poupança de 338 milhões de euros para o Estado, mas custou ao Governo diversas críticas vindas de autarcas e empresários, que não se conformam com a suspensão de alguns dos lanços previstos no IP8 (futura A26).
Um dos mais críticos é o presidente da Câmara de Beja, que acusa o Governo de dar uma "machadada dramática" e "abandonar as pretensões" de desenvolvimento do Baixo Alentejo ao suspender a construção de lanços da A26, uma "peça fundamental" no processo.
Trata-se de "uma machadada dramática naquilo que são as pretensões da região em termos de um projecto de desenvolvimento, que contribuiria, e contribuirá, decerto para o desenvolvimento do país", disse Jorge Pulido Valente à Agência Lusa.
"Isto é dramático. É estar a abandonar por completo aquilo que é um projecto de desenvolvimento coerente para o Baixo Alentejo, uma vez que retirando a frente das acessibilidades, que é uma peça fundamental em todo este processo, dificultamos tudo aquilo que está a ser feito nas outras áreas", como a agrícola, a turística e a industrial, através do Alqueva e do aeroporto de Beja.
Pelo mesmo diapasão alinha o presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, que acusa o Governo de ter cometido uma "irracionalidade económica" ao suspender a construção de uma obra onde já foram gastos "muitos milhões de euros".
O "abandono" da construção dos lanços entre Santa Margarida do Sado e Beja da A26, que está incluída na subconcessão Baixo Alentejo e deveria ligar Sines a Beja, "significa uma completa irracionalidade económica, que, nos tempos que correm, deveria ter sido muito mais pensada e não ter sido tomada de ânimo leve", disse o socialista Aníbal Reis Costa à Agência Lusa.
Por seu lado, os autarcas de Sines e de Santiago do Cacém manifestaram-se contra o anúncio feito pela Estradas de Portugal e exigem ser esclarecidos sobre as medidas.
O presidente da Câmara de Sines, Manuel Coelho (eleito por um movimento independente), disse mesmo à Agência Lusa ter ficado “surpreendido e inquieto”, acusando o Governo de “deixar por resolver <i>ad eternum</i> questões importantíssimas”.
Já para o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença, as medidas anunciadas são “redutoras”, provocando o “estrangulamento da circulação”, e “extraordinariamente negativas para o desenvolvimento económico e regional”.
“Esta história está muito mal contada”, acusou o autarca comunista, exigindo que “o país seja cabalmente esclarecido” quanto àquilo que considera um “negócio prejudicial”.
Finalmente, o presidente do NERBE considera que a suspensão da construção de lanços da A26 "não é racional", porque há investimentos já realizados que serão "desaproveitados".
A solução "afasta-se bastante" das necessidades da região e implica que os investimentos em obras já feitas "ficam por aproveitar", disse Filipe Pombeiro à Agência Lusa.
"Nesse sentido, a solução não é racional", frisou, sublinhando que o NERBE é "sensível às questões orçamentais" e considera que "a poupança do Governo é importante".
Mas, sublinhou, "temos que ter também uma perspectiva de desenvolvimento regional em mente e não há dúvida nenhuma de que estas acessibilidades fazem uma falta muito grande à região".
Recorde-se que a Estradas de Portugal anunciou na terça-feira, 18, ter chegado a acordo com a Estradas da Planície, que prevê uma poupança para o Estado de 338 milhões de euros na subconcessão Baixo Alentejo.
A redução traduz-se, entre outras medidas, na retirada da subconcessão e suspensão dos trabalhos de construção dos lanços da A26 entre Relvas Verdes e Grândola e entre Santa Margarida do Sado e Beja.
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