Com 82 anos feitos em abril, António dos Anjos diz que “está para durar”. “Costumo dizer que não tenho data de validade” e, “enquanto puder, vou estar aqui para ajudar e fazer o que estiver dentro das minhas possibilidades”, garante ao “CA”, de sorriso franco, este histórico dirigente do FC Castrense e um dos percursores do hóquei em patins no Alentejo.
Um homem simples, afável e cordial, que é (merecidamente) distinguido neste domingo, 12, às 10h30, pela Câmara de Castro Verde, com a atribuição do nome de António dos Anjos ao renovado Pavilhão Municipal. Uma homenagem a uma vida inteira dedicada ao desporto e ao associativismo, agora recordada pelo próprio em discurso direto.
Pavilhão Municipal António dos Anjos
“Para ser sincero, não acreditava. Foi uma surpresa quando fui chamado pelo presidente da Câmara de Castro Verde, António José Brito, para uma reunião pessoal e em que foi muito direto comigo: ‘Sr. António, chamámo-lo aqui porque entendeu este executivo atribuir o sue nome ao Pavilhão Municipal de Castro Verde’. Fiquei sem responder, porque fiquei bastante surpreendido. Não esperava aquela proposta, pelo que pedi para aguardarem mais um dia ou dois, para ouvir a opinião dos meus familiares. Passados dois dias, informei que ‘sim senhor!’, a família tinha aprovado a proposta, com oito votos a favor e um contra… que era o meu voto! […] Sempre tenho ouvido dizer que as homenagens são feitas quando as pessoas já não estão cá, mas o presidente entendeu que gostaria de fazer esta homenagem em vida. Fiquei bastante orgulhoso”.
Paixão do associativismo
“Sempre tenho dito que cada um nasce para a sua arte. Uns tiveram jeito para o futebol e outros para o hóquei. Eu nasci para ser dirigente. Porque logo com 13 anos fui convidado pela comissão fundadora do FC Castrense para fazer parte de uma comissão e só quando os estatutos foram aprovados, em 1956, é que fui para vogal do FC Castrense. […] É uma paixão que nasce connosco e a que nos dedicamos de alma e coração. Tem sido assim desde que o clube existe. Costumo dizer que o FC Castrense é a minha paixão, mesmo que tenha gosto por outros clubes. Mas o FC Castrense é o clube do meu coração!”
“Ser Castrense é o maior orgulho que tive e tenho em toda a minha vida.”
Entusiasmo pelo hóquei em patins
“Só ouvíamos hóquei em patins na telefonia, com os relatos da Seleção Nacional. Mas quando éramos jovens, com oito ou nove anos, arranjávamos ramos de palmeira para fazer de sticks e com uma bola de borracha jogávamos hóquei em campo. Foi assim que nasceu a paixão. Mas quando tomei maior gosto pelo hóquei foi quando estive três anos em Angola. Vivia numa casa mesmo em frente às instalações do Sporting Clube de Maianga, que era um clube de hóquei. Quando podia, todos os sábados ia ver jogos de hóquei. E foi aí que cresceu mais esta paixão. […] Quando regressei a Castro Verde já trazia esta ideia. Pensei sempre em arranjar um espaço para fazer um rinque e fundar o hóquei em patins em Castro Verde, o que aconteceu em 1979. Mas não foi fácil!”
O maior motivo de orgulho
“Foi criar esta secção [de hóquei em patins no FC Castrense], que chegou a um patamar nacional. Somos muito conhecidos de sul ao norte do país. Agora é que isto baixou um pouco, porque os miúdos têm hoje mais ocupação, como a música, outras modalidades ou os computadores. Mas chegámos a ter 80 atletas no hóquei em patins.”
Sonhos para concretizar
“Costumo dizer que enquanto viver estou para durar e que não tenho data de validade. Por isso, e enquanto puder, vou estar aqui para ajudar e fazer o que estiver dentro das minhas possibilidades e ao meu alcance.”
Ser Castrense é…
“O maior orgulho que tive e tenho em toda a minha vida.”