António Calhegas. “No São Domingos FC há amor à camisola”

Emblema da Mina de São Domingos (Mértola) celebra o seu centenário nesta segunda-feira, 15 de agosto, e o presidente, António Calhegas, revela ao “CA” que o clube tem o futuro garantindo. Até um relvado sintético está “na calha”!

O São Domingos FC (SDFC) faz 100 anos a 15 de agosto. O que representa este centenário para o clube?

Representa a força mineira! O SDFC, queiram ou não, é um clube diferentes. Não somos melhores nem piores, mas somos um clube diferente. É um clube que vive o futebol, que vive o bairrismo e onde se sente o amor à camisola. Aqui ninguém ganha dinheiro, nem treinadores nem jogadores, e quem quiser jogar com a camisola do São Domingos ou vai por gosto ou não vai. E este centenário também representa muito para aquele povo, pois está a haver um grande ‘alvoroço’. Não é todos os dias que se fazem 100 anos e, como tal, o povo da Mina [de São Domingos] está todo a contribuir e à espera desse dia.

Esperava essa envolvência dos sócios e da população?

Tinha a certeza que ia ser assim, pois o povo da Mina nunca vira as costas ao SDFC. Esteja bem ou esteja mal, ver aquela camisola com o símbolo do SDFC é muito diferente de jogar com uma camisola de outra terra. É como eu, que joguei fora daqui, mas o São Domingos é o São Domingos…

Ainda assim, e desportivamente falando, os últimos tempos têm sido complicados…

Quando a gente parte para um campeonato é para tentar honrar a camisola e fazer o melhor, respeitar o adversário e o público. É certo que toda a gente gosta de ganhar, mas não podem ganhar todos. E quando partimos para o campeonato estamos limitados porque os nossos jogadores não ganham dinheiro. Gosto de ganhar, mas sou capaz de aceitar a derrota porque sabemos a equipa que temos e que os jogadores estão aqui por gostarem do São Domingos. E não admito que alguém aqui ganhe dinheiro, porque a gente não o tem. Por isso, a gente joga e participa consoante as possibilidades que temos. E a realidade do futebol é esta: ou jogamos por gostar de futebol ou não vale a pena. E prefiro que o SDFC se mantenha desta maneira, mesmo perdendo, do que estar ‘enterrando’ o clube. Por isso, não vou sonhar em altos voos porque sei que não podia cumprir. E sonhar acordado nunca vi ninguém fazer.

Tendo em conta essa “filosofia”, como vê o futuro do clube?

O futuro está garantido, porque vão sempre aparecendo jovens, ‘filhos da terra’, e enquanto cá estiverem a estudar vamos aproveitando. O único contratempo que existe – e esse é geral, principalmente aqui no concelho de Mértola – é que os jovens quando chegam aos 18 anos vão para a universidade. E depois ou jogam ao fim-de-semana sem treinar ou é difícil mantê-los… Mas como temos 90% do nosso plantel a trabalhar aqui, contamos com eles todos.

E há projetos “em carteira”, para concretizar no curto/médio-prazo?

Há um projeto para colocar um relvado sintético no nosso Campo [de Jogos Cross Brown]. O projeto já está avançado e é um sonho meu ver aquele campo relvado. Porque se o SDFC tiver um sintético é mais fácil arranjar jogadores, principalmente nas camadas jovens. Até porque a Mina de São Domingos tem todas as condições para ter um sintético, pois já temos um hotel, a praia fluvial, muito património mineiro para visitar… Por isso, acredito que o relvado vai ser projetado e a partir daí, quando estiver tudo aprovado, acredito que será realidade. Já estivemos mais longe, mas ainda ontem [segunda-feira, 1 de agosto] tivemos uma reunião com a Câmara [de Mértola] e agora já acredito. Antes dizia-se que era promessa, mas agora não – vai passar à realidade e penso que para o ano já estará inaugurado.

O que será também um “ponto de viragem” para o clube.

Para o clube e não só! Também para os diretores e jogadores. Eu próprio não sei o que vou fazer, pois para o ano acaba o mandato e vamos ver o que fazer consoante o ‘andamento da carruagem’. Mas eu digo sempre isto e depois não aparece ninguém e vou continuando.

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Correio Alentejo

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