Uma experiência única e inesquecível, que deixou em muitos a vontade de repetir – depois de cinco dias passados na cidade francesa de Estrasburgo, era este o sentimento dos 24 alunos da Escola Secundária de Castro Verde que tiveram a possibilidade de visitar e “trabalhar” no Parlamento Europeu.
“Foram certamente dias que vamos guardar para sempre nas nossas memórias. Tivemos a oportunidade de estar com jovens de outros países e de esclarecer algumas das nossas dúvidas. Foi muito positivo”, conta ao “CA” José Miguel Costa, 17 anos, de Santa Bárbara de Padrões.
“Não é todos os dias que se vai ao Parlamento Europeu, ainda por cima estar lá em ‘trabalho’. Foi uma experiência fantástica”, acrescenta Gonçalo Mamede, 17 anos, de Castro Verde, corroborado por Francisco Rosa, 16 anos, também de Castro Verde. “Deu para ganhar uma noção de como Portugal é visto no estrangeiro, não só pelos políticos mas também pelos jovens”, observa.
José Miguel, Gonçalo e Francisco são os “porta-vozes” dos 24 jovens da Secundária de Castro Verde que entre 26 e 30 de Outubro estiveram em Estrasburgo, juntamente com as professoras Lucinda Simões e Filomena Marques.
Uma visita de estudo que decorreu no âmbito do concurso “Euroscola” e do projecto “Parlamento dos Jovens”, onde os alunos castrenses estiveram em grande: no primeiro José Miguel Costa e Isabel Vilhena foram segundos classificados a nível nacional, enquanto no segundo a equipa composta por Gonçalo Mamede, Ana Espírito Santo, Diogo Canário e Mariana Dores chegou à final nacional.
Estes resultados permitiram a ida dos alunos a Estrasburgo, onde trabalharam juntamente com alunos de outros países da União Europeia na apresentação de propostas em áreas como a educação ou o desenvolvimento sustentável. Os jovens foram divididos em seis grupos de trabalho, sendo que Francisco Rosa teve a “honra” de ser o porta-voz do seu grupo e apresentar as propostas deste em pleno hemiciclo, tal qual um deputado europeu.
“Foi bastante bom. Deu para ganhar a noção do que é estar lá à frente e sermos nós a tomar as decisões. E também foi bastante interessante a forma como tive de argumentar contra as diversas perguntas que colegas meus fizeram. E logo aí também deu para ver a maneira como eles pensavam acerca da União Europeia e a maneira como eles veem os povos da União Europeia e do mundo”, lembra o jovem de Castro Verde.
Mas a comitiva castrense também se fez ouvir no debate. “Conseguimos fazer duas perguntas à mesa do Parlamento Europeu. O Francisco fez uma sobre o futuro para as artes e a cultura na Europa. E eu fiz uma sobre como podemos promover uma verdadeira união entre os povos europeus, que me pareceu que deixou o vice-presidente do Parlamento Europeu incomodado [risos]. E nós os três, mais a Isabel [Vilhena], ainda cantámos o cante alentejano, para enaltecer este património da humanidade”, diz Gonçalo Mamede.
A envolvência e a dinâmica dos trabalhos no Parlamento Europeu foi algo que despertou a curiosidade entre os jovens de Castro Verde. Mas nem todas as impressões foram das mais positivas.
“Ficámos desiludidos em algumas partes, porque houve momentos em que as sessões eram um bocadinho maçudas e em que as coisas demoravam muito tempo. Mas no geral ficámos com ideia que tenho de como trabalham os deputados europeus e de como as coisas funcionam”, nota José Miguel Costa.
“Por vezes achei as comissões um bocadinho desorganizadas”, acrescenta Francisco Rosa, que também aponta o dedo ao facto de nem todas as comitivas terem apresentado tando trabalho como a de Castro Verde. “Nesse aspecto, posso dar os parabéns a alguns dos países mais pobres da União Europeia, que espantosamente trabalharam mais. Como é o caso de Portugal, da Grécia e do Chipre”, conclui.
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