A Câmara de Aljustrel vai criar o Centro Interpretativo Ferroviário Mineiro e um comboio turístico mineiro, num investimento de cerca de 430 mil euros que deverá estar concluído no final de 2021. As duas iniciativas integram o projeto “Trilhos da Memória” e têm financiamento assegurado através do Turismo de Portugal, no âmbito do programa Valorizar.
“Aquilo que queremos é dar a conhecer a todos os que nos visitam um património que faz parte de uma memória ainda viva nas nossas gentes, que é a via férrea ao serviço da mina”, revela ao “CA” Nelson Brito, presidente da autarquia mineira.
O futuro Centro Interpretativo Ferroviário Mineiro ficará instalado num espaço ao ar livre, mas coberto, junto ao antigo malacate Vipasca, por onde também será possível aceder ao interior de uma antiga galeria mineira. No local estarão expostas algumas das antigas locomotivas e outro material circulante utilizado em décadas passadas nas minas de Aljustrel, que será reabilitado para o efeito. O projecto inclui ainda uma variante de realidade aumentada, que permitirá aos visitantes, por meio de ‘smartphone’ ou ‘tablet’, terem acesso a informação adicional sobre a ferrovia mineira.
Associado ao Centro Interpretativo Ferroviário Mineiro vai estar um comboio turístico, totalmente eléctrico, que será “uma réplica de uma antiga locomotiva” e, “além de ir ao encontro de uma visão de mobilidade sustentável”, “permitirá estabelecer a ligação” entre vários locais de interesse turístico em Aljustrel, revela Nelson Brito.
“Para nós é importante que este veículo venha a percorrer a parte mais central do núcleo mineiro, entre [as zonas de] Feitais e Vale d’Oca, mas passar também por bairros mineiros como o Plano ou São João, indo inclusive à zona de Pedras Brancas ou às freguesias de Ervidel, Messejana ou Montes Velhos”, acrescenta o autarca.
Investimento de seis milhões no Parque Mineiro
O projecto “Trilhos da Memória”, que abrange o Centro Interpretativo Ferroviário Mineiro e o comboio turístico, fazem parte do novo Parque Mineiro de Aljustrel, que tem vindo a ser desenvolvido pela Câmara Municipal e representa um investimento total na ordem dos seis milhões de euros.
Segundo Nelson Brito, o Parque Mineiro é um projecto “essencial” para a valorização turística de Aljustrel, que nos últimos anos teve “um crescimento exponencial” ao nível das visitas, sobretudo devido à Rota da Estrada Nacional 2.
“Mas o Parque Mineiro é mais do que um destino turístico”, observa o presidente da autarquia, revelando que o projeto assenta “em quatro âncoras”: “o turismo e recuperação do património arqueológico mineiro ou industrial” do concelho, “a componente de Investigação & Desenvolvimento”, “a formação e qualificação associada ao sector mineiro” e a “recuperação e valorização ambiental”.
O autarca acrescenta que o Parque Mineiro “é também peça importante” para o concelho vir a ter “uma alternativa à extração mineira”, principal empregadora na região. “Assumimos que, dentro do próprio setor mineiro, poderíamos encontrar alternativas. Foi nesse sentido que surgiu o Parque Mineiro, como alternativa à excessiva dependência que o concelho sempre teve da atividade mineira extrativa”, explica.