Manuel de Brito Camacho foi médico e militar, fundou jornais e chegou a ministro na I República, numa vida longa (e rica) que a Biblioteca Municipal de Aljustrel recorda ao longo deste mês de Outubro.
A exposição “Brito Camacho: o Homem e a Obra” é inaugurada nesta quarta-feira, 4 de Outubro, véspera do 107º aniversário da implantação da República em Portugal, e vai poder ser vista até final do mês, reunindo livros, textos e alguns apontamentos “de um dos mais brilhantes filhos de Aljustrel” que fazem parte fundo local da Biblioteca Municipal.
Nascido a 12 de Fevereiro de 1862 no Monte das Mesas, perto de Rio de Moinhos, Manuel de Brito Camacho estudou em Beja e mudou-se depois para Lisboa, onde se formou em Medicina ao mesmo tempo que abraçou a causa republicana e combateu intensamente o regime monárquico. Em 1983 foi candidato a deputado pelo círculo eleitoral de Beja nas listas republicanas, mas apesar de eleito nunca chegou a tomar posse devido a um polémico artigo que escreveu no jornal “Nove de Junho”.
Pouco depois fundou o jornal “O Intransigente”, que defendia os ideais republicanos, e em 1902 abandonou de vez a medicina para dedicar-se ao jornalismo e à política. Acabou por ser uma das figuras marcantes da vida portuguesa nessa época, chegando a ministro do Fomento (entre 1910 e 1911) e a Alto Comissário da República em Moçambique (de 1921 a 1923). Pelo meio, fundou e liderou o Partido Unionista, além de ter criado e dirigido o jornal "A Lucta", órgão oficioso do partido.
Em 1918, depois da eleição de António José de Almeida para a Presidência da República, Brito Camacho refreou a sua actividade política e abandonou mesmo os cargos de liderança partidária. Uma decisão que o levou a declinar também, já em 1920, o convite para formar um governo apoiado pelo Partido Liberal Republicano.
Mas nem só de política se fez a vida de Brito Camacho. Escritor fecundo, foi autor de mais de trinta volumes publicados, nos quais se destacam as narrativas sobre o Monte das Mesas e o Baixo Alentejo rural. Colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente as revistas “Atlântida” e “Ilustração”, bem como na edição mensal do “Diário de Lisboa” e na “Gazeta das Colónias”, entre outras.
Brito Camacho morreu com 72 anos, a 19 de Setembro de 1934, em Lisboa, numa altura em que já se tinha afastado de vez da vida político-partidária. O seu nome acabou por ser atribuído à Escola Básica de Aljustrel, de que é patrono, e figura na toponímia da “vila mineira”.
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