Os agricultores do Campo Branco estão a iniciar as sementeiras de cereais de sequeiro de outono-inverno com grande “sacrifício”, devido à seca que afeta a região e ao continuado aumento do custo dos fatores de produção.
“As pessoas têm os animais e os compromissos dos ecorregimes e estão a investir, porque a vida tem de continuar, mas tudo com muito sacrifício”, diz ao “CA” o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), António Aires.
De acordo com o responsável pela associação, que tem sede em Castro Verde e abrange também os concelhos de Almodôvar, Aljustrel, Mértola e Ourique, “as pessoas estão com dificuldades para iniciar as sementeiras, mas têm de arriscar”.
António Aires explica que, no caso dos agricultores que aderiram ao Plano Zonal de Castro Verde, estes “são obrigados a fazer uma área mínima e à rotação [de culturas], para cumprir com o compromisso”. Os restantes estão “a semear pelo mínimo”, acrescenta.
A par da seca, o presidente da AACB aponta que uma das grandes dificuldades sentidas pelos agricultores é o facto de os fatores de produção “continuarem caríssimos, tanto a semente como os adubos ou os combustíveis”. Além disso, continua, “neste momento ainda não recebemos qualquer apoio [do Governo] para a seca”.
Tudo isto faz com que o cenário de futuro não seja nada animador, sobretudo para a pecuária. “Houve pessoas que acabaram a atividade, com abate total ou venda dos animais. E em relação ao efetivo reprodutor, estamos a sentir que há menos animais”, sublinha.
No concelho de Mértola, os agricultores passam pelas mesmas dificuldades que os dos municípios vizinhos.
“Tem havido alguma precipitação, mas maioritariamente escassa e o cenário é dramático neste momento”, afiança ao “CA” João Madeira, presidente da Cooperativa Agrícola do Guadiana (CAG), com sede em Mértola.
“Continuamos no zero em termos forrageiros em grande parte das explorações e mesmo que agora chova não vai chover erva, vai chover água e ainda temos de esperar que a erva venha. Os tempos estão um bocadinho difíceis para as explorações desta região”, acrescenta.
Tudo isto leva a que na zona haja agricultores “a reduzir o número de animais que têm [nas suas explorações] e a pô-lo mais em consonância com a sua disponibilidade forrageira”.
“Mas o que oiço é há cada vez mais pessoas a porem a hipótese de abandonar a atividade, o que nos deve preocupar”, conclui.