O anúncio da declaração de situação “de seca severa e extrema” em 67 concelhos do sul do país, entre os quais os 14 do distrito de Beja, é vista com bons olhos pelas associações de agricultores e produtores pecuários da região, que ainda assim esperam por mais informação e pedem rapidez na operacionalização das medidas de apoio.
“Todas estas medidas são importantes e estamos todos ansiosos por ver qual o resultado disto”, frisa ao “CA” António Aires, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), com sede em Castro Verde.
Segundo este dirigente, “independentemente destes anúncios todos, até ao momento os produtores não receberam sequer um cêntimo e continuam as dificuldades”. “Por isso pedimos brevidade nestas ações para chegarem o mais rápido possível aos produtores”, reforça.
António Aires nota ainda que, “com os alertas que as associações e as federações [de agricultores] têm vindo a fazer, este processo já devia estar mais avançado”.
“Não sabemos quanto é que os cereais de sequeiro vão receber. Há também uma medida para os adubos, mas quanto é que vamos receber? Ou por cabeça [de gado]? Não sabemos nem quanto nem quando” vamos receber os apoios, remata o presidente da AACB
Por sua vez, o presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), Nuno Faustino, entende que as medidas anunciadas são “positivas”, mas que “estão muito longe de ser aquilo que é minimamente necessário” para fazer face à realidade da região.
O líder da associação sediada em Ourique pede igualmente celeridade no processo, para que as ajudas previstas cheguem mais rapidamente aos produtores agropecuários. “Quanto mais tarde pior, pois os mecanismos têm o seu tempo e demoram a ser implementados e estarem operacionalizados no terreno”, alerta.
Nuno Faustino diz ainda ao “CA” ser urgente “um apoio para a alimentação dos efetivos pecuários, porque está tudo seco nos campos e as reservas de palha e feno muito em breve serão consumidas”.
“Temo que, a não haver algumas medidas da parte do Governo, talvez um apoio direto à alimentação animal, esta ‘sangria’ de venda dos efetivos continue. Muito em breve teremos no nosso efetivo reduções na ordem dos 40 a 60%”, alerta Nuno Faustino.