A Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) apelou ao Governo para que sejam tomadas medidas “que mitiguem os efeitos do aumento dos custos de produção” na sua atividade.
Em comunicado enviado ao “CA”, a Federação, que tem sede em Beja, explica que em causa está o aumento dos preços dos combustíveis e também a “escassez generalizada” na oferta de produtos e matérias-primas, que “estão a provocar uma escalada generalizada de aumentos de preços de que não há memória recente, e sem um fim à vista”.
Entre os vários exemplos de aumento dos preços, a FAABA destaca o do gasóleo agrícola (aumentou 44% entre outubro de 2020 e outubro de 2021) e o dos adubos utilizados nas sementeiras, que registaram agravamentos entre “82% e 126%”.
Tudo isto faz com que, segundo as contas da FAABA, os encargos com a cultura do trigo tenham passado de cerca de 540 euros por hectare “para um valor na ordem dos 815 euros/hectare, o que inviabiliza esta cultura, especialmente em sequeiro”.
A Federação alerta ainda para o aumento de aproximadamente 300 euros/hectare nos custos de produção no olival, “o que corresponde a um incremento de 13%”.
“Se nada acontecer para contrariar esta tendência, prevê-se que na próxima campanha estes aumentos sejam superiores a 500 euros/hectare, ou seja, um agravamento dos custos dos factores de produção sempre superior a 20%”.
No caso da pecuária, a FAABA diz que se observou também “um aumento, variando entre 10 e 25%”, nas rações animais.
“A tendência é para aumentar ainda mais tendo em consideração o elevado preço dos cereais na presente campanha”, acrescenta a Federação, sublinhando que, “tal como acontece para os combustíveis, também se verifica uma diferença muito significativa nos preços das rações quando comparados com os que se praticam na vizinha Espanha”.
Para a FAABA, tudo isto pode “conduzir à disrupção da sustentabilidade económica das explorações agrícolas e pecuárias em todo o país”.
Nesse sentido, a Federação “apela aos responsáveis políticos que promovam medidas de apoio ao sector que possam minimizar esta escalada de preços, que certamente irá ter repercussão negativa nos preços dos produtos ao consumidor” e, eventualmente, na “falta de produtos e factores de produção para manter a normal actividade agrícola”.