Os agricultores de Albernoa exigem uma alternativa “em condições” para poderem levar os seus tratores com cereais, azeitona ou gado até à cidade de Beja, uma vez que o caminho existente se encontra em muito mau estado e não podem, por lei, circular no Itinerário Principal (IP) 2.
“Temos de chegar a Beja com os tratores para escoarmos as nossas produções e não temos um caminho em condições para o fazer. E quando digo nós, também digo as pessoas de Entradas, da Trindade e das povoações aqui em redor que são servidas pelo IP2”, afirma ao “CA” Vítor Mestre.
Segundo este agricultor, e conformou comprovou o “CA”, o caminho alternativo existente de Albernoa até Beja encontra-se na sua quase totalidade “em más condições”, com alguns troços em alcatrão esburacado e outros em terra batida, que facilmente alagam e ficam “sem condições de segurança”.
Além do mais, nestes troços “os tratores não se podem cruzar” e, no caso do caminho a partir do Parque Ambiental da AMALGA, os agricultores são obrigados “a entrar numa povoação”.
“Depois temos uma subida à saída da Boavista [Santa Clara do Louredo] para o IP2 que tem uma percentagem de inclinação absurda. Portanto, tudo isto não faz sentido”, reforça Vítor Mestre, que compara a viagem de Albernoa a Beja pelos caminhos alternativos “a uma gincana”.
As críticas deste agricultor são acompanhadas por outros homens da lavoura em Albernoa, casos de José Manuel Soares e de André Pereira. “Onde estão as alternativas? Somos cidadãos, cumprimos a lei, mas também temos de ter direitos, não podemos andar aí pelo restolho. Pelo restolho está a gente fartos de andar”, lamenta o primeiro.
Esta situação já levou os agricultores a entrar em contacto com a empresa Infraestruturas de Portugal e com a Câmara de Beja, ainda que sem sucesso. O caso foi também apresentado à GNR, uma vez que a falta de alternativas faz com que estes “homens da terra” utilizem, muitas vezes, o IP2, o que não é legal e já lhes custou, nalguns momentos, multas.
“Compreendo que seja uma ilegalidade, mas não temos alternativa”, afiança Vítor Mestre, corroborado por André Pereira, que considera não existirem razões para os tratores não poderem circular no IP2. “Não empatamos muito o trânsito, porque a estrada é larga e nós circulamos sempre pela berma. Ou seja, não causamos transtorno”, diz.
Para estes três agricultores, a resolução deste problema passaria pela reabilitação de todas as estradas paralelas ao IP2 desde Albernoa até Beja ou, em alternativa, a requalificação da denominada estrada do Serro, um caminho municipal que vai da aldeia até Santa Clara do Louredo, sempre por terrenos mais interiores e que também não se encontra nas melhores condições para circular.
“A estrada do Serro é uma estrada boa, mas agora tem troços em que não se consegue passar lá”, observa José Manuel Soares. “Mas se essa estrada fosse arranjada, até preferíamos ir por aí”, conclui Vítor Mestre.
O “CA” apresentou à empresa Infraestruturas de Portugal algumas questões sobre este assunto, mas não obteve resposta até ao momento.
Já o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, diz ao “CA” que “não tinha conhecimento dessa situação”, defendendo a necessidade de “se encontrarem alternativas razoáveis” em conjunto com a IP.
“Será um assunto que irá merecer a nossa atenção e terá de ser naturalmente articulado com a IP, no sentido de evitar esse inconveniente de haver uma limitação à circulação por parte de quem prevista de circular com os seus tratores e dirigir-se a Beja para um conjunto de atividades de natureza económica”, argumenta.
Relativamente à estrada do Serro, o autarca frisa que esta “já foi algumas vezes intervencionada” ao longo dos dois últimos mandatos