O sector do porco alentejano vive “um bom momento”, com o número de animais comercializados a aumentar de ano para ano e com o valor de mercado a crescer. A garantia é dada ao “CA” pelo presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), com sede em Ourique, revelando que a raça está a ser devidamente valorizada pela indústria, “sobretudo espanhola”.
“Desde há quatro/ cinco campanhas que [o porco alentejano] tem vindo a subir de preço no mercado. E são animais que são pagos por um valor bastante aceitável, que remunera perfeitamente o trabalho do criador. Podemos, de facto, dizer que se vive um bom momento” no sector, refere Nuno Faustino.
Em 2018 foram comercializados, através da ACPA, cerca de 7.500 animais, 5.000 dos quais de montanheira. Um número que, ainda assim, fica bem abaixo dos cerca de 14 mil animais que se chegaram a comercializar antes da crise. “Mas estamos a recuperar gradual e lentamente”, afiança o presidente da associação, reconhecendo que, por exemplo, o presunto de porco alentejano é um “produto muito apreciado em Portugal e em Espanha e, cada vez mais, no mundo inteiro”.
Apesar do sector atravessar um momento de vitalidade, há ainda muitos obstáculos por ultrapassar. Entre estes, Nuno Faustino destaca o facto de haver pouca indústria transformadora em Portugal, o que leva a que cerca de 90% da produção seja exportada para Espanha.
“É uma pena que assim seja, mas é uma realidade! É da transformação que vem o valor acrescentado e é com muita pena nossa que temos de vender esta ‘pérola’ para a indústria espanhola. São eles que tiram os maiores benefícios, mas não temos indústria em quantidade para absorver estas produções, que ainda assim são pequeníssimas”, observa o presidente da ACPA.
Para Nuno Faustino, esta realidade também se deve ao facto de a produção de presunto ser muito demorada e implicar um grande investimento.
“Primeiro levamos dois anos atrás de um porco a engordá-lo. E depois são mais três anos a curar o presunto. É, de facto, um produto que leva muito tempo até estar pronto a ser consumido e que requer muito investimento. E não são todos os empresários que estão disponíveis e têm capacidade financeira para isso. É por isso em Portugal se aposta mais nos enchidos e na carne fresca”, conclui.
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