Pedro Xavier foi reeleito presidente da Associação de Futebol de Beja nesta terça-feira, 22, e em entrevista ao “CA” revela em primeira mãos as prioridades definidas para o futebol e futsal no distrito nos próximos quatro anos.
A sua recandidatura à presidência da Associação de Futebol deBeja (AFBeja), onde é candidato único, estava nos seus planos ou toda a actual situação acabou por ser decisiva na decisão?
Não acho que a actual situação tenha sido determinante, mas teve algum peso. Nos últimos quatro anos vimos o nosso futebol crescer em número de atletas, em número de clubes e em qualidade, reconhecida pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e pelas nossas congéneres. Como presidente da direcção da AFBeja nesse período considero que é necessário dar continuidade a esse percurso, com a acrescida responsabilidade de recuperarmos, num curto espaço de tempo, das dificuldades causadas pelo contexto criado pela pandemia. Esta determinação é partilhada pela minha equipa e, por isso, decidi recandidatar-me, tendo também em consideração o importante apoio e incentivo da maioria dos sócios da AFBeja
Quais são as prioridades que traça para o mandato de 2020-2024?
Há um grande número de ideias e projectos que pretendemos desenvolver, mas há alguns que considero prioritários: recuperar o número de atletas atingido no ano 2019-2020, lançar o projecto da academia e centros de treino no distrito, e tentar realizar um grande torneio como o Lopes da Silva. Também apoiar e captar mais clubes para o processo de certificação, continuar a apoiar os clubes nos escalões de formação, criar centros de treino nos vários concelhos para desenvolver o futsal e organizar um campeonato distrital de futebol de praia. Para além disso, queremos formar mais árbitros, no sentido de termos uma melhor arbitragem, e formar mais treinadores, mais dirigentes e mais massagistas.
No futebol de formação, qual vai ser a linha orientadora?
O principal objectivo é proporcionar uma formação de qualidade a nível desportivo, psicológico e pessoal, com vista a uma evolução sustentada do atleta, que o possa valorizar e levar a patamares superiores. Para isso, achamos também essencial melhorar a formação dos agentes desportivos e incutir e promover inteligência, criatividade e capacidades nos atletas ao nível psicológico, físico, técnico e táctico, sem nunca deixarmos de olhar para um dos pilares do desporto: o fair-play dentro e fora do campo, cuja promoção deve ser feita logo a partir dos escalões de formação.
Há margem para o crescimento em termos de atletas, equipas e competições distritais no futsal (masculino e feminino) e no futebol feminino?
Neste momento, a nossa grande prioridade é recuperar o número de atletas existentes em 2019-2020, que rondava os 3.717. Vamos criar algumas medidas para que possa existir um maior crescimento ao nível do futsal nos escalões de formação. No que diz respeito ao futebol feminino, vamos continuar a apostar nos centros de treino, com os quais temos verificado algumas melhorias nos últimos anos.
“Considero que o trabalho desenvolvido por mim e pela equipa que me acompanha [no anterior mandato] foi francamente positivo.”
Pedro Xavier | presidente da AFBeja
Que balanço faz do mandato agora concluído?
Para mim foi importante e necessário definir bem, desde o início, as linhas orientadoras e estratégicas que pretendia que pautassem o meu mandato na sua globalidade. Houve obviamente necessidade de proceder a alguns ajustes para que os resultados se tornassem exequíveis e sobretudo positivos, quer para a associação quer para os nossos clubes filiados. Em jeito de balanço, considero que o trabalho desenvolvido por mim e pela equipa que me acompanha foi francamente positivo. Conseguimos manter a sustentabilidade financeira da associação, ampliámos as nossas relações institucionais, mantendo as já existentes e promovendo a criação de novas parcerias, acreditando sempre que estas sinergias são benéficas e fundamentais para o desenvolvimento do desporto no nosso distrito. Com os clubes criámos relações interpessoais mais estreitas, aproximando-os cada vez mais da associação. Reflexo directo desta aproximação foi o aumento do número de praticantes em 26% nos últimos quatro anos. Continuámos, para além disso, a apostar na formação de treinadores, árbitros, dirigentes e massagistas. No que concerne à estrutura da associação, concorremos a projectos financiados pela FPF, que nos permitiram investir na modernização da sede da AFBeja e, em simultâneo, apostar na contratação de novos recursos humanos.
Ainda no âmbito do balanço do mandato, que momentos destaca pela positiva e pela negativa?
Existem muitos momentos nestes últimos quatro anos que se destacam pela positiva, como a certificação dos nossos clubes, a atribuição de prémios instituídos pela FPF, o aumento do número de atletas em 26%, a atribuição da organização do torneio Lopes da Silva ou a participação dos nossos atletas nas selecções nacionais jovens. Pela negativa há que assinalar o reflexo da pandemia da Covid-19, que acaba por ser transversal a todo o desporto, mas que teve um impacto considerável no futebol distrital.
Precisamente a Covid-19: como avalia a gestão feita até ao momento pela AF Beja para conciliar a pandemia com o normal decorrer das competições?
Sentimos que, por vezes, as nossas decisões não são bem compreendidas, por haver a ideia de que estamos a trabalhar sozinhos, quando na realidade temos também de cumprir as orientações do Governo e da DGS, procurando, simultaneamente, ir ao encontro da vontade dos nossos clubes. Sabemos que, em especial neste contexto, tomar decisões não é tarefa fácil e que muitas delas não são aceites de forma unânime, o que nos leva a reflectir ainda com mais e maior rigor. Não podemos ter a expectativa de agradar a todos, mas tomamos e tomaremos as decisões sempre em benefício do todo, na convicção de que são as mais adequadas e justas.