António Sebastião vai mesmo ser o candidato do PSD à presidência da Câmara de Almodôvar nas eleições Autárquicas do próximo dia 1 de Outubro. A candidatura do ex-autarca, que será seguido na lista por Ricardo Colaço e Sílvia Batista, foi aprovada na passada semana pela Distrital de Beja do PSD, mas ao contrário do inicialmente previsto não contará com o apoio da Concelhia de Almodôvar, que acusa os Independentes de terem violado o acordo estabelecido entre ambas as partes em Janeiro deste ano.
"O PSD de Almodôvar foi usado e traído, por manifesta incoerência e deslealdade de princípios", acusa sem meias palavras o presidente da Concelhia laranja em declarações ao "CA".
Para Fernando Palma, "uma lista de candidatos proposta pela Distrital e não pela Concelhia, como os estatutos [do PSD] obrigam, com a anuência e aceitação dos Independentes, não poderá em tempo algum ser aceite pela Secção". "E muito menos apoiada ou integrada pela mesma", acrescenta.
Do consenso à divisão
O afastamento da Concelhia de Almodôvar do PSD da candidatura do partido à Câmara Municipal local surge três meses depois de sociais-democratas e independentes terem chegado a acordo para concorrem em conjunto. Na altura, tal como noticiou o "CA", ficou definido que a lista seria encabeçada por António Sebastião, seguido de Fernando Palma (indicado pelo PSD) e Sílvia Batista (indicada pelos independentes). O quarto nome seria indicado pelo PSD e o quinto pelas duas forças políticas.
Aprovados os nomes na Concelhia, o processo subiu à Distrital. E foi então que do consenso se passou para a divisão. Numa primeira instância, a Distrital de Beja terá proposto que Ricardo Colaço "vereador do PSD coligado desde o início do mandato com o Partido Socialista", acusa Fernando Palma fosse o terceiro nome da lista. Mas depois exigiu que este fosse em segundo lugar, caindo Fernando Palma para o quarto lugar.
Uma exigência, continua Fernando Palma, que o Movimento de Independentes "acabou por aceitar, contra a vontade do PSD de Almodôvar, traindo assim a confiança cimentada com a Concelhia ao longo de mais de dois anos de diálogo e negociação".
Mais tarde, o PSD de Almodôvar ainda propôs que fosse aceite a primeira proposta da Distrital, com Ricardo Colaço a surgir em terceiro na lista, no lugar de Sílvia Batista. Possibilidade que os independentes rejeitaram, "consumando assim a traição ao PSD de Almodôvar e ao seu líder", diz Fernando Palma, lembrando ter sido ele quem "assumiu pessoalmente o processo desde o início", abrindo "as portas da sede a ex-militantes" e acabando "apeado do processo".
Por tudo isto, resume Fernando Palma, a Concelhia foi "ferida na sua dignidade, ultrapassada e esvaziada de competências". E há militantes e simpatizantes do PSD "marginalizados" e "que se sentem inúteis, pois a condução do processo eleitoral foi colocada nas mãos do candidato António Sebastião".
Um quadro que leva o presidente da Concelhia de Almodôvar a considerar que, a nível nacional, impera no PSD "o silêncio, a indiferença e a falta de consideração pelas estruturas de Secção". E remata afirmando que a Distrital "não se coíbe de violar grosseiramente os estatutos do PSD, não respeitando pessoas que foram legitimamente eleitas para os órgãos locais".